Castro Alves, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio...... até mesmo Rousseau e todo o esforço de Martin Luther King (que era pastor protestante), tudo não teria passado de um equívoco se, se... “nascer negro fosse um azar”, se os humanos de pele escura do continente africano fossem amaldiçoados.
- Bem, esta é a conclusão a que chegaríamos ao tomar como
verdadeiras algumas frases do Deputado Presidente da Comissão de direitos
humanos da Câmara Federal, também pastor, Marco Feliciano.
- Mas, bem sabemos que a História, a vida, a nossa
consciência , tudo grita que não foi e não é assim.
- Porém, apesar de todas as evidências, se não houver
mobilização, podemos acabar virando um país chantageado por uma paranoia
neocalvinista, cheia de delírios puritanistas e com fortes agravantes racistas,
assim como, nos estados mais atrasados de lá, do que eles mesmos chamam de
“América”.
- Que o Céu nos livre desta praga obscurantista
Falando sério, para Zygmunt Bauman, sociólogo, filósofo,
ex-comunista, de nacionalidade polonesa, hoje radicado na Inglaterra, uma das
heranças do século XX é a lição dos dois impérios: nazismo e comunismo.
Distintos e guardando muitas semelhanças. Isto seria produto da união de poder
e política.
Bem, o cimento que dá coesão a estes sistemas de poder está
sempre composto pela cultura, no sentido de ideologia que dá nexo à vida social
em um plano coletivo geral. E isto não nasce na cabeça de Bauman. Marx já
descrevia algo muito semelhante no século XIX.
A semente dos sistemas autoritários medra na umidade terrosa
do que, ainda que, carente de sentido lógico ou de veracidade histórica, pode
ser impingido como verdade.
O ridículo das frases e ideias de um Marco Feliciano esconde
sementes germinantes de ideais distópicos, de sociedades puritanas regidas por
um fundamentalismo autojustificado (ainda que transplantado de uma subcultura
anglo-saxônica secundária).
- Mais uma vez, urge exclamar: Que os Céus nos livre!...
Recife,
08 de abril de 2013Marcelo Cavalcanti
(81)93195627
www.politicamenteatrevido.blogspot.com
"Post Scriptum": Que fique claro - Martin Luther King era pastor batista e despertou seu sentimento e consciência anti-racista, que motivou sua militância histórica, a partir de sua vida religiosa. foi lá, na sua igreja, que ele teve seu despertar humanista. Na sua trajetória de mobilizações, foram muitas as vezes em que contou com a participação de igrejas protestantes de pensamento integracionista. Aliás, na luta anti-racista da época houve até atentado a bomba com morte de crianças em igrejas batistas. É memorável o fato de que as comunidades religiosas de alguns estados americanos foram bastiões de luta integracionista e tiveram grande papel na superação do racismo e promoção de direitos universais. O que ocorre é que algumas seitas neoprotestantes têm uma doutrina exdrúxula que acaba por comprometer uma tradição tão louvável. Que se faça justiça.
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