sábado, 3 de março de 2012

CRIVELA NÃO GARANTE APOIO DE "EVANGÉLICOS




CRIVELLA NÃO GARANTE APOIO DE “EVANGÉLICOS”

A nomeação do bispo Marcelo Crivella para a simplória Secretaria da Pesca, com “status" formal de ministro, não une o apoio dos “evangélicos”. Como se sabe, o bispo-senador não foi escolhido pela sua competência técnica, mas, pela expectativa de colocar, especificamente, uma “minhoca no anzol”, a pacificação da bancada e das lideranças protestantes e neoprotestantes.

Ocorre que, ao tomar tal decisão, a Presidente da República, que não tem tradição religiosa alguma, esqueceu a principal característica dos grupos, chamados no Brasil, de “evangélicos”: a individualidade. E a partir daí, a livre competição pelos interesses de agrupamento ou instituição.

Mesmo não sendo chegada à prática devocional, a presidente Dilma Rousseff poderia ter se dado ao trabalho de ler, consultar que fosse, um certo sociólogo alemão chamado Max Weber - “As Seitas Protestantes e O Espírito do Capitalismo” - assim, provavelmente perceberia que, salvo em momentos de grande ameaça, os grupos protestantes tendem à divisão sucessiva e não ao movimento contrário e como tais são compelidos por interesses díspares e conflitivos. Faz parte da síndrome original da teologia luterana, mas, não tergiversemos. Se a presidente tivesse dado atenção a um pouco de sabedoria acadêmica de qualidade (e ela tem preparo para isto) ao invez de ir se aconselhar com a esperteza pragmática leiga e inconsequente de seu antecessor, talvez, não chegasse a cometer este ato que nodoará ainda mais seu governo.

Vejamos porque: sendo representante da “Igreja Universal” o bispo-senador não conta com a simpatia dos grupos mais tradicionais, como , batistas, presbiterianos, congregacionais, metodistas, luteranos, episcopais, que se sentem ameaçados com o avanço da “IURD”, bem como, torcem o nariz para as práticas de uma liturgia voltada para a arrecadação financeira explícita e desbragada. Também, grupos congêneres como a “Igreja Internacional da Graça” (de R.R.Macedo), “Igreja Mundial”, etc., não gostam porque disputam espaço palmo a palmo com a “IURD”. Acrescente-se agora, os grupos pentecostais como a “Assembléia de Deus” (que é a igreja que mais se expande no país), que vive em disputa por fiéis, num confronto direto com a “Igreja Universal” e que jamais simpatizaria com o previlégio dado a um sobrinho do lider máximo de uma igreja riquíssima, poderosa e com a qual têm conflitos teológicos e de interesses diretos. Neste sentido, o pastor Silas Malafaia, lider da “Assembléia de Deus Vitória em Cristo” (grupo em franca ascensão ) e muito respeitado no segmento pentecostal, já declarou, que a nomeação do bispo Crivella não vai mudar a atitude de sua igreja.

Assim sendo, a nomeação deste representante de uma igreja que é muito mal olhada pelas demais, pouco ou quase nada adiantou no rumo da tão cantada “coalizão”. O PRB, partido do novo ministro, tem apenas uma dezena de deputados, cerca de 1,95% do total.

Claro que a partir do discurso de fortalecimento de uma “coalizão” está o intuito de agradar uma bancada religiosa arisca, ultraconservadora e difícil de atender.
Todavia, ao mexer as pedras deste xadrez, a “rainha” ficou exposta às reações movidas pela disparidade e até oposição de interesses, idéias, concepções e sobretutudo, pela animosidade (mal dissimulada) provocada pela soberba dos ricos senhores da “Igreja Universal”, que invadem impenitentes os rebanhos dos outros grupos e igrejas, comportam-se como predadores da fé alheia, com a proposta sedutora da “teologia da prosperidade” à qual os demais concorrentes ainda não encontraram “antídoto”.

Casa Forte, 03 de março de 2012
Marcelo Cavalcanti
www.politicamenteatrevido.blogspot.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário