sábado, 7 de abril de 2012

"IMPÉRIO DO MEIO" EM ZONA DE TURBULÊNCIA




O “IMPÉRIO DO MEIO” ENTRA EM ZONA DE TURBULÊNCIA


Regimes autocráticos não evoluem, nem administram mudanças sem traumas. Desde os tempos da Roma Antiga, as sucessões eram, fequentemente, muito turbulentas, recheadas de assassinatos, suicídios, banimentos, invocações ao poder militar, que impunha o ocupante do trono imperial. Não é por acaso que na China de hoje assistimos algo semelhante. Observemos o artigo abaixo, da Folha de São Paulo de ontem, publicado no site da “Folha On Line”:
06/04/2012 - 12h16
China pede que militares ignorem rumor de golpe e fecha site
DA REUTERS, EM PEQUIM
O principal jornal dos militares da China pediu na sexta-feira que os soldados ignorem rumores da internet e as autoridades fecharam um site de esquerda que criticou publicamente a exoneração do oficial populista Bo Xilai, enquanto o Partido Comunista tenta evitar a agitação por causa da transição na liderança.
O Diário do Exército da Libertação não mencionou os rumores sobre uma tentativa de golpe frustrada em Pequim, que se espalhou pela Internet nas últimas semanas, depois da deposição repentina de Bo --um ambicioso concorrente a um lugar na nova liderança central que deve ser divulgada em um congresso do partido este ano.
Um comentário no jornal, no entanto, não deixou dúvida de que a liderança do partido quer blindar as tropas do Exército de Libertação Popular contra os rumores sobre golpes ou divisões políticas que podem minar a autoridade do presidente Hu Jintao, que também é chefe do partido e presidente da Comissão Militar Central, que comanda o Exército de Libertação Popular.
O jornal advertiu aos soldados para que resistam com decisão à incursão de "todos os tipos de ideias errôneas, não sejam perturbados pelo ruído, nem afetados pelos rumores, não sejam arrastados por subcorrentes, e garantam que a todo momento e sob todas as circunstâncias os militares obedeçam em absoluto o comando da liderança central do partido, a Comissão Militar Central e o presidente Hu".
Como pode ser facilmente observado, as similitudes são muitas. Apesar deles cultuarem a memória de Spartacus, o “spartacus” do modelo chinês tem a púrpura imperial nos ombros e a águia magna no cetro de comando. É a reificação do lider de escravos rebelados a serviço de um modelo de dominação de povos como os muçumanos do Turguestão Oriental, que os chineses chamam de Xinjiang, do Tibet e sabe-se lá quantas minorias, que anseiam por serem livres da dominação da etnia han, que hoje constitui 90% da população chinesa, graças aos artifícios de transplante de população realizados durante décadas após a tomada do poder pelo PCCh e consequente instalação do regime atual.


Dificilmente, tais rumores prosperarão. Mas, fica exposta a fragilidade quase sempre disfarçada e o desenho das fissuras do regime, que lá vigora há sessenta e dois anos.


Os chineses não têm tradição alguma em democracia. À queda da monarquia aristocrática, do primado do mandarinato, seguiu-se uma breve experiência republicana com um lider chamado Sun Yat Sen, que chegou a ser fundador do Kuomitang. Depois, veio a invasão japonesa e depois a derrota do Koumitang frente às tropas lideradas por Mao e o hasteamento até hoje da bandeira vermelha e suas consequências.


Agora, ouvem-se alguns abalos neste aparente monolito encravado com foice e martelo. Não dá ainda para botar fé nestes ruídos, mas, que está se movendo, com certeza está.


Casa Forte, 07 de abril de 2012
Marcelo Cavalcanti
www.politicamenteatrevido.blogspot.com

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