quinta-feira, 1 de julho de 2010

DE FORRÓ,COPA DO MUNDO E O CIRCO DE TODOS NÓS

Desde que começaram a chamar nossa música, dita, regional, de um viez rural, nordestina, de “pé de serra”, que comecei a desconfiar que não era bem assim, que essa suposta reverência era falsa, que na verdade queriam colocar o gênio e a imortalidade de Humberto Teixeira, Zé Dantas, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Gilvan Chaves, Germano Matias, Marines, etc.... num canto, lá no pé da serra, de qualquer serra bem longínqua para que assim fossem apenas uma lembrança e então, as máquinas do show business seguissem felizes, em frente no tropel eletrônico, no galope frenético que atropela “aloprado” (perdão pelo empréstimo, Excelência) quase um século de baião, xaxado, xote, embolada.

Mas a vida é mesmo assim e “Asa Branca” pode virar uma dúzia de acordes acelerados na hora de começar o espetáculo.

No entanto, outro dia, tive a oportunidade de conhecer uma dupla que faz baião, xote, o forró que agora estigmatizaram como “pé-de-serra”. Trata-se de “Zé Bicudo e Paula”. Eles se harmonizam e se apresentam com um trio básico, sanfona, triângulo, zabumba. Tocam tudo, de “Feira de Mangaio” de Sivuca e Luiz Bandeira, até o Hino Nacional, literalmente. Foi um prazer ouvir este pessoal e depois continuar curtindo, já em casa, o som de “sanfona’ e a voz de contralto com acento sertanejo de Paula. Música limpa, pernambucana, honesta, despretensiosa.

E assim, o São João Batista tão cantado e travestido de criança, na tradição popular, fica melhor em meio às dietéticas vitórias da “canarinha”, que mesmo assim, faz o país parar. Também torço e fico com taquicardia antes dos jogos, embora preferisse ver a pátria com outros calçados além das chuteiras com grifes de multinacionais. Também coloco um boné da “CBF”. Só não vou ao cúmulo de vestir camiseta com nome de jogador. Eu não tenho ídolos de nenhuma ordem ou tipo. Não tenho vocação para fã de ninguém, porém, gosto de ver uma bela jogada, um gol revisto em “hi-tec”. Tomara que a gente chegue lá e consiga o sonhado hexa.

Depois, após a catarse, quem sabe, talvez consigamos pensar em um projeto político consistente para o Brasil, algo que vá além da degradação pela execução de um simulacro de continuísmo. Os 75% satisfeitos são uma maioria quase blindada que não está muito a fim de ouvir palavras como “mudança”, “alternância”, “reformas”. Do jeito que vai, está de bom tamanho (para eles), não dá trabalho, não é preciso pensar, não dói e “fica bem na fita”.

Às vezes fico pensando se os aprovadores do “lulismo” têm alguma semelhança com a histórica “maioria silenciosa” dos tempos de Nixon. Bem, lá deu no que deu: renúncia Após “Watergate” e sucessão com o vice inepto e trapalhão Gerald Ford. Isso foi anteontem (nos anos 70), mas, quem se lembra?...

Casa Forte, 01/07/2010
Marcelo Cavalcanti

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