sábado, 24 de julho de 2010

A OPOSIÇÃO É TÍMIDA E ISTO PODE SER FATAL



A candidata Marina Silva se pretende a condição de “tercius” na disputa presidencial. Assim, pontualmente, ao citar o governo Lula, cita de igual modo, ato contínuo, o de FHC. Diz que entre os conceitos de esquerda e direita, ela ficaria “à frente”. Mais que pretensiosa é uma afirmação infeliz porque não define nada e isto é algo que o povo não aprecia. Não dá pra subir 8, 9% “dando uma no cravo e outra na ferradura”. Disputas tripartites são viáveis, mas, quem daí na posição mais desfavorável tem que fazer a diferença com discurso, com proposta, tem que mostrar que é diferente de verdade, que é autêntico em sua posição.



A senadora Marina teve e ainda tem uma excelente oportunidade de se mostrar como uma segunda opção à esquerda; como um compromisso ambiental com originalidade. Mas, para que isto aconteça precisa marcar distância do governo, dizer que saiu para não se contaminar com vícios e erros que envolvem a “era lula”, e ainda, sublinhar a distinção entre seu projeto político e o de Serra. Ela, pessoalmente, não tem mostrado calibre para realizar esta flexão. Nos debates e entrevistas seus limites ficam expostos.



Quanto a José serra, fica e clama a crítica de que não se ganha eleição se passando por assemelhado e elogiando o adversário principal. Oposição tem que bater, com convicção e autenticidade, mas, bater. Oposição elogiando perde a razão de ser. Se “o Brasil pode mais” com seu projeto, é necessário que ele diga que o atual está esgotado, é ruim, fale porque e tudo mais. Para botar o dedo na ferida da promiscuidade do PT com as “FARC” foi necessário que num arroubo de indignação, o seu vice, Índio da Costa, dissesse o que ele já devia estar falando há tempo. Discurso técnico não ganha eleição majoritária. Não empolga ninguém. Dá vontade de bocejar. Mostrar currículo, erudição, competência é muito bom. Principalmente com uma adversária que é fraca nestes aspectos. Mas, isto não basta.



O PT tem medo do discurso radical (pasmem). Foi evitando este viez e fazendo uma campanha alegre, que Lula chegou ao poder. A sua candidata tem, reconhecidamente, pavio curto e este seria um flanco a ser explorado. Todavia, tem que haver ação política. Trocando em miúdos: ousadia, afirmação, crítica, denúncia e proposta. Mais ou menos nesta ordem. E nada de sentir em pecado quando os petistas começarem o coro nervoso, gritando que “é baixaria”.



Em suma, a oposição precisa mostrar coragem, atrevimento, destemor, competência política, muita vontade de ganhar e não, apenas marcar posição como um “estilo de fazer política”. Isto seria diletantismo fatal. Portanto, ou muda e mostra vigor, ou corremos o risco de vivermos uma sombria ”pós-era lula”.



Casa Forte, 24/07/2010
Marcelo Cavalcanti
(81) 93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

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