Além da simpatia do empresário Senor Abravanel, que é muito querido no país inteiro, sem dúvida, algo apodrecido neste reino que transcende as simples e prováveis falcatruas de executivos de retidão discutível.
Em outras palavras, o mais importante desta história escandalosa está além do que as manchetes têm noticiado. Vejamos: o Sr. Senor Abravanel, o popular Sílvio Santos, esteve há alguns meses em conversa reservada com Sua Excelência, o Presidente da República, ao mesmo tempo, a “Caixa Econômica”, um banco estatal, federal, comprou 49% das ações do “Banco Panamericano”, enfermo financeiramente.
O estranho é: sendo a “Caixa” uma instituição que nunca teve em sua história tradição ou perfil de comprar ações de bancos pequenos e ainda mais de um banco de comportamento agressivo, voltado para empréstimo e varejo . Isso não está explicado nem esclarecido para o público. E tem mais, concomitantemente,
Sílvio Santos coloca como garantia, para as operações de salvamento do “Panamericano”, todas as suas empresas, um conjunto que tem como “jóia da coroa” e rede “SBT”, a televisão. É aí que está a parte mais delicada deste imbróglio.
A “Caixa”, um banco estatal, repito, federal, comprou 49% das ações de um banco que recebeu como garantia financeira para seu rombo contábil (que cheira a fraude grossa) uma emissora de TV que comanda uma poderosa rede nacional, o “SBT”. E aí, acrescentam-se algumas bugigangas empresariais, como hotéis, distribuidora de cosméticos, etc.
Bem, agora façamos um balanço da situação. O governo federal já controla e tem posse da “TV Brasil” (antiga TV Educativa), tem o canal “NBR”que é voltado para divulgar ações do governo e de seu interesse. Tem ainda o apoio generoso da super poderosa “Rede Record”, com dois canais nacionais, que pertence ao chefe de uma igreja de porte nacional e que controla um dos partidos mais fiéis da base do governo (o PR). E agora, a “Caixa” está próxima de ter o controle, por via oblíqua , da rede “SBT”.
O sorriso emblemático do comunicador Sílvio Santos começa a chegar aos meus ouvidos com um certo sotaque venezuelano... E ainda tem essa conversa fiada de controle “social” da mídia... humm, isso já está me parecendo enredo de folhetim “bolivariano”.
Casa Forte, 16//11/2010
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com
“Post Scriptum”: Além das bravatas de aprendiz de caudilho Chavez, que fecha emissoras e prende jornalistas ao sabor de seu humor bolivariano, temos o caso argentino do “cabo de força” entre o jornal “El Clarin” e o governo Kirchner (agora em estado de indulgência pela recente viuvez da Presidente). No Brasil, o chamado “projeto de controle social da mídia” não passa, na prática, de uma idéia de submeter os meios de comunicação ao crivo dos “comissários do povo”; um estratagema para garrotear a imprensa eletrônica. Os argumentos são cândidos e falam em “interesses” nacionais, em preservação de “valores”, blah, blah, blah... Na real, o objetivo seria colocar tudo sob a tutela do “Alto Comissariado do Planalto”. Com a oposição com menos de 100 cadeiras na Câmara Federal, essa batalha, quem viver verá.
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