terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O ”PÓS-LULA” ARRASTA UM BAÚ DE TORPEZAS



Oficialmente começa no dia primeiro de janeiro próximo. Todavia, como a História se importa menos com datas do que aqueles que a escrevem, ela já se descortina.

O novo governo começa a se delinear. No entanto, o perfil, o jeito pessoal da nova Presidente ainda carecem de nitidez. Discreta, dando poucas declarações, a Sra. Dilma Rousseff tece seu futuro governo com paciência, muita paciência. É surpreendente que quem mais fala em nomes para o ministério que será seu, não é ela e nem mesmo o futuro Chefe da Casa Civil, Palloci. O maior “lobista”, que indica e oferece nomes, além de alardear decisões no crepúsculo do mandato é aquele que foi seu mentor e que sem o menor pudor ou senso de elegância, cobra a fatura do apoio, da dedicação escandalosa na recém terminada batalha eleitoral.

Mesmo sabendo que nem todas as bravatas e tropelias terão continuidade, ao fazer tais fanfarronices, o atual Presidente articula, de modo dissimulado, uma base para seu próprio grupo político. Em breve, sem poder da caneta, o Presidente, já na condição de “ex”, terá mais dificuldades de agregar em torno de si. Tudo bem, que o povão e amplos segmentos da classe média enxergam nele um “messias”, um predestinado. Porém, qualquer um sabe que fama e carisma tendem a emagrecer quando apartados do centro do poder. E mais, no mundo real dos negócios políticos, o poder ou a perspectiva dele é a moeda que vale. Daí, Sua Excelência, ainda Presidente, procura demonstrar força, influência e capacidade de induzir a cooptação. Ex-sindicalista calejado sabe o valor das negociações de bastidores. Afinal, quando não se está no trono, o melhor lugar para se estar é o mais próximo possível deste trono, já ensinava Maquiavel – tão renegado de público pela esquerda, mas... frequentemente seguido como um manual pelos seus expoentes.

Pois é, a “Era Pós-Lula” está apenas no seu arrebol. Ainda faltam 24 dias. Contudo, é visível que terá de administrar um baú de pequenas (ou grandes) maldades urdidas por aquele que foi o artífice de todo imbróglio atual.

Casa Forte, 07/12/2010


Marcelo Cavalcanti


(81)93195627


Em tempo: A declaração da Presidente eleita de que não concorda com a posição adotada pelo Brasil na votação da ONU que condenou o Irã por manter práticas hediondas como apedrejar mulheres por supostos “crimes” de adultério, quando a representação brasileira, por ordem de Sua Excelência, o atual Presidente, optou pela abstenção, é digna de reconhecimento. Como se vê um baú de torpezas e insanidades atrabiliárias já é arrastado com desconforto pela futura governante. Portanto, Sra. Presidente eleita, permita algumas sugestões de um blogueiro crítico sincero: recuse a taça de vinho que vem das mãos dos áulicos (há suspeita de elevado teor de arsênico); passe numa livraria, pegue um exemplar de “O Príncipe” daquele rapaz que era natural de Florença (terra de alguns ancestrais meus) e andou pela corte de Cesar Bórgia, um tal de Niccolo Machiavelli, leia com atenção , depois passe num posto da Petrobrás (de onde a Sra. era Presidente do Conselho), compre um galão de gasolina, leve para casa, depois derrame cuidadosamente toda a gasolina sobre o baú de torpezas e sandices que lhe estorva o caminho e ateie fogo. Vão lhe xingar bastante, mas, nem olhe para trás. Volte a ler “O Príncipe” e sublinhe, anote e escreva comentários do que achar mais interessante ( a senhora vai precisar) e se prepare sempre para o pior, para o melhor não é necessário tanto rigor. Bem, quando os “companheiros” cortesãos do seu partido e adoradores do seu mentor disserem que o autor deste blog é um ressentido defensor de oligarquias, com vocação para “Cassandra”, acredite se quiser, mas, cuidado com a taça de vinho...

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