(MAS, SE PRECISO, TEM O DEVER DE SER)
Nossa democracia além do populismo e do adesismo
No momento em que ganha forma a composição do futuro governo, que toma posse daqui a vinte e poucos dias, é necessário que se faça entender à opinião pública, que a nova arrumação do poder executivo é produto de nossa maneira republicana de ser.
O Brasil é, e tem tradição de ser, um regime presidencialista de coalizão. Isto quer dizer que não somos bipartidaristas como os Estados Unidos,mas, atenuamos a força imperial do sistema presidencial, dando força de veto a um parlamento bicameral pluripartidário, junta-se a isto a repartição nacional em uma federação de 26 estados e um distrito federal. Deste modo, o poder de pressão presidencial pode ser contraposto parcialmente pela força das bancadas estadualizadas e mais ou menos articuladas pelos governadores, que também são obrigados a ser atentos à composição política de suas Assembléias Legislativas.
É importante ainda observar que é democrático, legitimo repartir os espaços do poder e em contraposição é crime repartir a “pecúnia” de origem escusa para subornar o apoio de parlamentares como forma alternativa de construir a hegemonia governamental. Isto foi o “mensalão”. Uma tentativa de assalto à República, pela via da corrupção por atacado de parlamentares e até partidos.
Portanto, a articulação de partidos para a formação de blocos, seja para fortalecer uma coalizão governamental, seja para construir alianças e blocos de oposição, é mais que legítimo, é parte do jogo democrático. Em contrário, toda e qualquer restrição ou tentativa de engessamento da livre atividade partidária é um ato espúrio e atenta contra a democracia.
Estabelecido este universo de liberdade de articulação e expressão de opinião, cabe àqueles que não foram escolhidos pelo voto majoritário, o dever moral de serem fiéis aos seus princípios e idéias, pois é exatamente isto que pode ser referência no momento em forem possíveis alternativas para a mudança política.
Ser oposição ativa, crítica, aguerrida não é ser “Cassandra”, assim como, ser base de apoio não significa alinhamento automático. Ser propositivo quando necessário e negociar sempre que preciso é inerente à vida democrática.
No Brasil (queiram os Céus) pós-messiânico, que inaugura um novo governo, saibamos ser, antes de tudo, cidadãos livres e também conscientes. Além da sedução fácil do populismo e da degradação do adesismo é possível fazer oposição com dignidade e esperança de ser feliz.
Casa Forte, 06/12/2010
Marcelo Cavalcanti
(81) 93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com
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