quarta-feira, 16 de março de 2011

A DEMOCRACIA, FUKUSHIMA E CHERNOBYL


Os recentes fatos decorrentes do acidente nuclear na usina de Fukushima, no Japão, suscitam comparações e reflexões. Vejamos:

Em Fukushima, o acidente tende a ultrapassar o nível seis na escala de medição internacional. Já cinco reatores apresentam problemas e em dois deles há risco de derretimento das varetas radioativas de combustível. Toda a usina tem cerca 800 funcionários, que foram evacuados, ficando apenas 50 para operar os equipamentos, devidamente protegidos com o que de melhor e mais avançado. Tudo é devidamente acompanhado por imprensa livre e inspetores internacionais. Por estes e outros motivos, o número de mortos, no acidente nuclear específico não chega a oito.

Em Chernobyl, na extinta União Soviética, o acidente com uma usina que sequer tinha cobertura de cimento, simplesmente explodiu em pleno funcionamento em um evento de nível sete, o mais alto já ocorrido. Deixou um saldo de mais de 80 mil mortos, além de dezenas de milhares de contaminados com seqüelas orgânicas graves ou comprometedoras. Neste total de sacrificados estão 02 mil operários, que foram enviados para concretar a cúpula dos reatores sem qualquer proteção. Foram criminosamente levados à morte por radiação aguda.

Em Fukushima, a população foi avisada de pronto e instada a se retirar para fora de círculos de segurança de até 30 km.

Em Chernobyl, apenas dois dias após a ocorrência desastrosa, a população foi parcialmente informada e até hoje paira mistério quanto ao comportamento das autoridades soviéticas.

Enfim, a diferença que muda o comportamento e os resultados, o número de vítimas. No Japão funciona uma democracia parlamentar representativa, com liberdades públicas plenas, desde o final da Segunda Guerra. Enquanto na União Soviética de 1986, ainda vigorava uma ditadura de partido único, um estado policial que amordaçava e oprimia a população e se justificava em nome de uma atroz “revolução”, dita, socialista.

Moral da História: acidentes nucleares não escolhem ou privilegiam sistemas políticos, mas, regimes políticos podem mudar (e mudam) as suas consequências.

Casa Forte, 16/03/2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 – cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

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