quarta-feira, 16 de março de 2011

REFLEXÕES NA QUARESMA II

MAIS UMA VEZ, CLARICE


- “Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro.” (Clarice Lispector; em “Um Sopro de Vida”).


As festas sazonais, que mascam o tempo e se fazem vésperas têm a capacidade de nos jogar no imenso vão da existência. Principalmente o carnaval, que originalmente assinalava o abandono da carne para a introdução à reflexão quaresmal, desperta a consciência do agora. É maravilhoso perceber a infinitude do que chamamos de presente e que se multiplica a cada instante e nos dá um leve esboço do que imaginamos ser o tempo em Deus.

Talvez, por buscar uma âncora para um pigmento de lucidez, Clarice decreta, no romance citado na epígrafe, que “De agora em diante o tempo vai ser sempre atual.” Assim, o tempo como interseção entre a festa, o excesso e as cinzas, a paixão, a morte e a ressurreição se faz unívoco. Mas, isto não basta e é fácil constatar. O atual é a vida sendo.

E a vida nos é oferecida no meio de tudo, das misérias, da inépcia e da miopia dos nossos governantes, das guerras e conflitos que incendeiam o mundo, no epicentro das hecatombes.

Que tal, fazer do agora um caminho do repensar...?

Casa Forte, 16/03/2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário