segunda-feira, 4 de julho de 2011

DEMOCRACIA, TOLERÂNCIA E RESPEITO


Nos últimos tempos tenho recebido em meu e-mail, tenho ouvido pelas ruas, tenho encontrado na mídia em geral, muitas discussões sobre a questão da diversidade sexual, dos direitos daqueles que têm opções ou formas de atividade afetiva e sexual diferente do convencional (se assim podemos chamar). No entanto, chamou-me a atenção o que ouvi no sábado pela manhã, ao chegar para uma visita de trabalho na casa de uma cliente. Defrontei-me junto à porta com a televisão em alto volume, onde um orador, que não vou citar, vociferava protestando contra a recente “parada gay” de São Paulo.

Não costumo intervir em questões de natureza individual e de foro íntimo de ninguém, mas, a onda de reações aos avanços da jurisprudência em relação às uniões homoafetivas está indo às raias da intolerância, havendo risco de assistirmos mobilizações e manifestações de viez obscurantista, o que contraria o rumo sociedade brasileira que vem aplaudindo e assimilando os novos espaços conquistados por segmentos de nossa cidadania.

A democracia presume o direito de, também, se manifestar contra questões já normatizadas em texto legal. O que me preocupa é a virulência dos ataques e a conotação preconceituosa e reacionária dos argumentos.

Até algum tempo, as relações homossexuais eram tratadas como demoníacas, perversas, até mesmo criminosas em algumas sociedades. No Brasil, sempre prevaleceu a tolerância misturada com algum preconceito. Hoje, a maioria esmagadora das sociedades ocidentais democráticas legitimam o direito dos homossexuais de exercerem sua preferência individual e se unirem sem óbices. No entanto, alguns segmentos, por motivos doutrinários ou morais, vem perseguindo com invectivas descabidas os chamados “gays” (não gosto deste nome), querendo transforma-los em doentes, perversos e mesmo em endemoniados. Os argumentos beiram ao desvario nazista e às loucuras dos processos inquisitoriais da Idade Média.

Está na hora de se colocar as questões de cidadania do devido lugar de respeito e observância dos limites de temperança e convivência democrática.

Casa Forte, 04 de julho de 2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 – cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

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