domingo, 4 de setembro de 2011

A SOLIDÃO DO PODER COMENTADA II

Por que conspiram?

A revista “Veja” de 31 /08, escancara o que já era previsível. E não é apenas nos hotéis de Brasília que as manobras conspirativas correm na tentativa de manipular espaços do poder. Em São Paulo, lá por São Bernardo, o “criador”, também, articula para o não fortalecimento da “criatura”. Todavia, até aí, tudo é prenunciável. Resta a indagação sobre o que fazer.

Em primeiro lugar, a grande massa de eleitores que votou e apoia o governo da Presidente Dilma Rousseff deve despertar do conforto fácil de afirmar que eu um voto consciente na primeira presidente mulher do país.

Em segundo lugar, a formação sazonal de grupos e redes sociais anticorrupção, igualmente, não resolve e é manipulável no sentido do enfraquecimento do governo, que pela própria condição de “vidraça” é mais atingível.

Bem, resta ao próprio governo fazer o exercício de fortalecimento. Retorno aqui, a uma postagem de julho, quando falo da ”solidão do poder comentada”. A Presidente precisa galvanizar o núcleo duro do seu governo, blindar esta estrutura a partir de escolhas pessoais muito criteriosas e se expor no que diz respeito aos seus projetos sociais e à sua posição como mulher que pode fazer política além da rede de intrigas que lhe cerca (como a qualquer núcleo de poder), a começar pelo próprio partido ao qual é filiada, que não lhe ama e sonha com um eventual retorno de seu “criador”. Também, não dá pra confiar na maior parte dos aliados, que preferem o balcão de negócios, o fisiologismo despudorado da gestão anterior.

É neste ponto que começa a se configurar a solidão do poder mais angustiante, que é é sempre será recorrente. O poder gera sentimentos pouco edificantes como inveja, despeito, descontentamento, conspiração e rilhar de dentes disfarçado de sorriso.

Cuidado com os áulicos Presidente. Os mais confiáveis são os que dependem da continuidade e robustecimento do governo para existir. Estes são poucos. Mas, ao encontrar dois ou três, erga as mãos de alegria.

Enfim, é importante destacar que sempre me referi ao PT em relação à Presidente como seu “partido nominal” e isto não é gratuito ou leviano. A Presidente tem uma história política pessoal com outra origem: o brizolismo e o PDT. No seu partido atual, ela é “cristão novo”, não lidera tendência e foi adotada pelo seu mentor e padrinho político que, agora, é seu emulador. Ao lado dele, estão e estarão todos os que na outra ordem (do “lulismo”) estavam bem e se sentem apeados de suas posições de privilégio.

Agora, por paradoxal que possa parecer, o PMDB de Michel Temer é um aliado mais conveniente. Ele precisa do osucesso do governo pois é “litis consorte” nesta coalisão. Os outros segmentos do PMDB poderão ser mais próximos se sentirem que emana dela, a Presidente, sem intermediários “suspeitos” o poder de decidir e nisto, a Ministra Ideli Salvati é providencial. Ela depende, é da cota pessoal de Dilma Rousseff.

Saliente-se ainda, que dois partidos privilegiados da base governista, o PSB e o PCdoB merecem muita atenção. O primeiro, tem seis governadores e uma bancada expressiva no Congresso. Sempre foi leal e tem um perfil muito similar às características da Presidente. O segundo, é confiável até o momento em que cobra a fatura política. Assim, no momento, está de braços entrelaçados com o PT paulista e como é uma agremiação orgânica centralizada e nem tem governador na sigla, subordina tudo aos interesses da legenda. Isto, atualmente não convém aos interesses do Palácio do Planalto.

Tudo isto tem a ver com as manobras e articulações desleais de parte dos chefes do comando petista. Tem a ver com a paixão fisiológica de grande parte da ” base aliada” e, por outro lado , tem a ver com a recomendação de uma releitura de “O Príncipe”, uma reflexão sobre as marchas contramarchas do início do Império Romano (em particular, o período de Júlio e seu sobrinho, Otávio), e ainda, tem relação com a intrínseca “solidão do poder” que produz cabelos brancos até em Barack Obama, em apenas três anos de “White House”

Casa Forte, 04 de setembro de 2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com
Um blog pela liberdade, pela democracia e pelas humanidades






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