segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O DISCRETO CHARME DO FUTURO
E O FASCÍNIO DO IMPONDERÁVEL
(NO CENÁRIO BRASILEIRO)


Tudo que vai além do presente tem um apelo que se torna mais irresistível, tanto quanto mais se distancia e perde a nitidez. Quando o jogo do tempo e da História se faz imprevisível, aí é que as palpitações se tornam mais fortes.

Deixando de lado as especulações, o país cresce, flerta com a inflação, trilha caminhos arriscados, faz uma diplomacia dúbia e politicamente defasada e aos poucos, vai demolindo o castelo demagógico populista erigido por oito anos de “era Lula”. Sem a presença em posição de força do ex-presidente Luiz Inácio, não há como manter a cumeeira deste edifício, solapada pelos cupins, trincada pela quebra (“na emenda”, como diz o xote) de perspectivas de novos mandatos para o Sr. Luiz Inácio.

Esta circunstância abre espaço para a Presidente Dilam Rousseff tomar posse, definitivamente, na herança que lhe foi prometida. Todavia, maiores são os riscos, sem a sombra do carisma populista de seu ex-mentor.

À oposição cabe, neste momento, ocupar a lacuna de apelo popular, que tende a se alargar. Se não o fizer, setores da esquerda radical, de perfil messiânico, poderão se apossar das bandeiras que hipnotizam, que mobilizam, o que chamamos genericamente, de “povão”, que em breve poderá vir a desenvolver um certo sentimento (amargo e ansioso) de orfandade. E este é um fato pleno de incertezas. Em um horizonte assim, brumoso, de pouca visibilidade, qualquer bandeira, que hasteia promessas felizes, pode se tornar uma bússola. Algo a ser seguido e abraçado. Órfãos mal resolvidos tendem a se infantilizar no desejo de reencontro com o pai.

Assim, o charme de um futuro que se delineia, esfumaçando e diluindo imagens (até ontem) tidas e havidas como previsíveis, se apresenta a cada dia mais e mais surpreendente.

Pior que a “era Lula”, no entanto, poderá vir a ser a sua ressurreição em forma de mito. “La bête rouge”, das paixões mais tenebrosas da esquerda messiânica, pode recriar, como abstração passional, algo mais perverso que o mito original.

Mais uma vez, deixemos de lado as especulações sombrias. O Brasil não é um país esquizóide. Temos pulsão de vida. Existem gerações de lideranças novas. Existe uma nova classe média que, aos poucos, amadurece e rompe o cordão umbilical. Vamos ao futuro. A vanguarda da vida tem um fascínio próprio, especial.

Casa Forte, 31 de outubro de 2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com
www.politicamenteatrevido.blogspot.com
Um blog com dois anos de vida, de polêmica e de saudável atrevimento.


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