sexta-feira, 9 de março de 2012

8 de março - entre a festa e o manifesto





Dia oito de março
ENTRE A FESTA E O MANIFESTO

As comemorações vão da singela rosa, ofertada com palavras doces a quem recebe, até às solenes sessões nos auditórios diversos, e os shows com a presença obrigatória de “Maria Maria” de Milton Mascimento. E há motivo para isso. O historiador britânico, Eric Hobsbawm declarou enfático que a maior revolução do Século XX foi a conquista da cidadania plena e do mercado de trabalho pelas mulheres. Hobsbawm é de esquerda histórico e neomarxista, todavia, reconheceu a amplitude da revolução das mulheres e as consequências sobre toda a sociedade e a economia mundial.

Portanto, fazer festa é legítimo. Não é “alienação”. Ficar alegre não é errado. O mal não se esconde, necessariamente, por trás do riso. Pensar assim, é sentimento de culpa, paranoia de fundo religioso, conservador e muito atrasado. Assim, que sejam feitas todas as festas. Reconhecer as conquistas e revoluções alcançadas é saudável.

No entanto, não há como alienar o “manifesto”. Afinal, os problemas, as condições opressivas, as atrocidades persistem. Desde a prática mutilante da extirpação do clitoris e grandes lábios em alguns países islâmicos, até a exploração exaustiva e violência familiar tão comum no Ocidente e em países, ditos, socialistas e guardiães da revolução, como a Cuba castrista tão bem denunciada pela blogueira Yoani Sanchez no seu manifesto: “con clitoris/ con derechos”, que pode ser lido na íntegra no site: http://networkedblogs.com/uWs70 - que abriga o blog “Generacion Y”.

Além disto, reunem-se nas praças grupos feministas que insistem em dois caminhos pouco fecundos: Transformar a luta pelo avanço da emancipação feminina em uma guerra de gêneros, ou, de igual modo equivocada, a atitude de jogar no sopão da “luta de classes” as bandeiras feministas para transforma-las em combustível na caldeira de movimentos políticos, quase sempre de fundo e fim discutíveis.

Mesmo assim, o “manifesto” é uma ferramenta eficiente. Apenas, talvez, não seja necessário soltar perdigotos ao ar e babar na camiseta, já borrada de palavras incendiárias, para se fazer ouvir, escutar e então, mobilizar.

Vamos nos lembrar dos versos do mineiro citado no início desta postagem: ...”Mas é preciso ter manha/ é preciso ter graça/ é preciso ter sonho sempre”...

Casa Forte, 09 de março de 2012
Marcelo Cavalcanti
www.politicamenteatrevido.blogspot.com


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