quinta-feira, 22 de março de 2012

"Farinha pouca, meu pirão primeiro"...




FARINHA POUCA, MEU PIRÃO PRIMEIRO”...

Assim, sentencia a sabedoria popular em um Nordeste pouco sensível ao neopuritanismo protestante, divulgado até a exaustão pelo cinema e seriados de TV americanos e, de modo intensivo, por um amplo naipe de grupos religiosos.

Deixando de lado os comentários sobre a eclética e liberal maneira de ver a vida e o cotidiano de nossa alma popular nordestina e, em particular, pernambucana, vamos ao que se aplica o ditado. Com a necessidade de enxugar gastos e investimentos, como profilaxia perante a crise econômica internacional, o governo contingenciou verbas, dotações, etc. De um jeito tal, que a torneira que jorrava em passado próximo, agora, apenas pinga. Em um presidencialismo de coalizão, isto pode ser fatal. Afinal, as afinidades são pontuais, pragmáticas , específicas.

Juntando-se a isto, a insipiência de carisma e pouca afeição à negociação política, o resultado mais que previsível é a fratura da ampla “base aliada”.

Para usar um pouco de economês: está havendo escassez de “meio circulante”; dificuldade em honrar “pagamentos” políticos por ausência de liquidez. E aí, adicionando-se o péssimo uso dos cargos ocupados e o mau aproveitamento da máquina administrativa estatal por algumas siglas (como é o caso do Ministério dos Esportes, do “intocável” PcdoB), chega-se ao quadro atual.

Votações polêmicas e controversas, projetos impopulares, porém, de interesse do “Pálacio do Planalto”, deveriam ser antecedidos de uma costura eficiente dos retalhos do tecido governamental. Partidos como o conservador PR ou o conspícuo PP sentem-se não representados em ideário e menos ainda no loteamento político da máquina, onde o PT tem sempre a parte do leão e, ainda, há a tendência “fisiologista” de siglas como o PTB e PSC. Toda essa mistura, tão diversa, fermenta e enche o balde do dissenso e fecunda o crescimento da cizânia.

Bem, não adianta buscar, mais uma vez, o “oráculo de São Bernardo”. O conselho desastroso que levou à nomeação do ministro Crivella, nem levantou a pré candidatura do pífio Haddad, nem tampouco, apascentou a chamada “bancada evangélica”, que é, esta sim, uma aliança ideológica criptoconservadora, que une parlamentares de partidos diversos e díspares. E assim sendo, não pode ser aplacada com ações “fisiológicas” de nomeações ministeriais secundárias. Não se deve tripudiar na inteligência dos descontentes. O resultado tende a ser falacioso; faz ferver o caldeirão das dissidências e fertiliza os campos da oposição.

Em tempo: Há cerca de, aproximadamente, oito meses, quando da saída do ex-ministro Jobin, foi publicada por este blog a postagem: “Desconforto, Descontentamento, frustração, Dissidência, Rompimento, Oposição”, que pode ser consultada por este endereço:

Casa forte, 22 de março de 2012
Marcelo Cavalcanti

Nenhum comentário:

Postar um comentário