segunda-feira, 5 de março de 2012

A MALFADADA MANOBRA


 
A MALFADADA MANOBRA

A nomeação do bispo-senador Marcelo Crivella para a insipiente Secretaria da Pesca teve e tem vários objetivos.

O primeiro, do qual este blog já se ocupou na postagem antepenúltima e em outra anterior, trata da “pacificação” e cooptação da bancada “evangélica”. Manobra difícil e provavalmente, frustrada. Até agora, não se tem notícia de qualquer declaração de apoio ou aprovação do ato nomeante por parte de líderes protestantes ou neoprotestantes de outros agrupamentos. A prática agressiva de arrecadação financeira e a utilização banalizada de rituais exorcistas ou assemelhados, é motivo de constrangimento das demais “denominações”, que afinal, em grande maioria, nasceram de um protesto contra a “venda” de indulgências.

O segundo objetivo, igualmente esdrúxulo, era e é a possível implosão da candidatura de Celso Russomanno, do PRB, partido do nomeado, à Prefeitura de São Paulo, nome que está em segundo lugar (19%) na recente pesquisa do Datafolha. Na verdade, os holofotes sobre Russomanno estão dando mais musculatura à sua popularidade e ânimo à sua candidatura. O ex-presidente Luiz Inácio, agora internado, padecendo de males sucessivos na sua saúde, deveria ter sido poupado, mesmo à revelia, de ser o mentor desta negociata política, que apenas, beneficiou uma igreja controversa e semeou cizânia e ciumes entre os grupos que se autointitulam “evangélicos”.

A manobra mostra-se malfadada, deixando claro que não basta estar disposto ao “negócio político”. É preciso e indispensável ter visão de alcance largo. Uma secretária com “status' de ministério não deve ser doada a serviço de interesses discutíveis de uma sigla em um município (mesmo sendo São Paulo), ou, como mimo, ou isca no anzol (perdoem a analogia) para fisgar uma bancada religiosa, dando foro de reconhecimento e valorização a algo que sequer deveria existir. Afinal, somos um estado laico. Está lá na Constituição. Usar a articulação religiosa de forma discricionária, lhe ofertando benesses, enquanto poder político, no uso de atribuições de governo, é uma atitude condenável, É uma deformação perversa e perigosa da prática política.

Casa Forte, 05 de março de 2012
Marcelo Cavalcanti
www.politicamenteatrevido.blogspot.com


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