sábado, 22 de junho de 2013

O GRITO PODE FICAR ROUCO



O GRITO PODE FICAR ROUCO
O povo do Recife tomando conta centro da cidade
Esta sucessão de protestos, que já ultrapassa dez dias, teve nesta última quinta feira (20), seu ponto mais alto e nos próximos dias, por váios motivos, deve mudar o volume e intensidade.

Primeiro, algumas bandeiras, dos manifestantes, foram e serão contempladas e negociadas. Isto pode levar a arrefecer a motivação, ou dar mais autoconfiança e, deste modo, aumentar a mobilização. Isto é uma caixa de pandora.

Em segundo lugar, a permanência em tensão, por tempo prolongado, gera desgaste na capacidade de mobilização.

Em terceiro lugar, a ausência de organização definida e de polarização programática faz e fará com que o movimento deambule sem rumo definido, assim como, ocorre como quando estão em massa nas ruas. Desta maneira, após algumas conquistas, não se sabe quais as definições que serão assumidas pelo grande coletivo, que se articula por meios virtuais e se colocam em quase confronto com as instituições do estado, que têm espaço de manobra a médio prazo.

Todavia, as seqüelas políticas serão irreversíveis. Entre elas, o descrédito dos que encarnam a liderança do poder político estabelecido. Na verdade, a exposição por exercício da gestão do estado, em estrito senso, traz proporcional vulnerabilidade política.

E mais, ainda que bandeiras partidárias sejam rechaçadas e mesmo escondidas, a presença de militantes organizados, ocupando espaço em São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades é muito perceptível. Partidos e grupos de esquerda radical, descolados do governo, encontram  neste movimento flamejante uma fonte caudalosa dede capilaridade. Com certeza, colherão dividendos, porém, isto não é mau, pois desidrata a esquerda tradicional, que sofre o desgaste do poder e dos descaminhos de ações políticas erráticas e visível artrose ideológica.

Portanto, busquem a adesão de contingentes sindicalizados. Seria um golpe político contundente na esquerda que mora no poder. Não foi a toa que, esta semana, lideranças da CUT, CTB e Força Sindical se reuniram no “Instituto Lula” com o ex-presidente Luiz Inácio. Ele mesmo, ex sindicalista, sabe que é ali que mora o perigo. O governo quer blindar o movimento sindical. Os chamados “movimentos sociais” organizados do tipo MST, Sem Teto, além de entidades como UNE e outras, que são dirigidas por partidos que as aparelham, ocupam ou sócios do poder, não aparecem. Foram escanteados e não têm espaço político. Foram vaiados expulsos das manifestações públicas.

Os manuais leninistas não previam a classe média como protagonista destacado de mobilização política radical e consistente e, mais ainda, mobilização de emergentes. O chamado “marxismo-leninismo” foi formulado a partir da lógica da miséria. O hino da “Internacional” declara enfático: “Erguei-vos famélicos do mundo!”... O mundo mudou. “La ancient gauche garde La chambre”.

A ironia francesa é proposital. Mas, nem tudo é inépcia política. Marx escrevia em uma de suas cartas a Dr. Kuguelman: “Ah...esses jovens que tentam assaltar o céu”... em uma alusão aos revolucionários da Comuna de Paris, uma insurreição urbana na capital cultural e econômica do mundo de sua época.

Bem, que nossos jovens abram caminho para um Brasil melhor e ais saudavelmente democrático.

Recife 22 de junho de 2013

Marcelo Cavalcanti

(81)93195627

www.politicamenteatrevido.blogspot.com

 

Post Scriptum: Mais de um milhão de pessoas foram às ruas, em cerca de 120 cidades, O fato é um exemplo, faz escola, mostrando que é possível confrontar os “camaradas comissários”, que ocupam o poder. Mesmo plantando agentes provocadores para semear tumulto nas manifestações, o que tem sido mais que evidente, os “camaradas” não conseguiram esfriar o ânimo da gigantesca multidão que resolveu mostrar o descontentamento e indignação perante a incompetência  e descaso dos governantes. O percebeu que não é obrigado a ser conformista só porque existe a chantagem política das “bolsas populares”. Grupos de sindicatos de professores e outras categorias, que não foram aparelhados por partidos no poder, aderem ao movimento e isso dá mais vitalidade aos protestos, já apelidados pela imprensa internacional de “tropical spring”(primavera tropical). Que o verão traga frutos de democracia e liberdade.  
 

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