terça-feira, 27 de agosto de 2013

O ESTADO BRASILEIRO NÃO ENTENDEU AINDA...




 O ESTADO BRASILEIRO NÃO ENTENDEU AINDA
 
As manifestações de junho, que se derramaram em julho, levaram milhões às ruas e acordaram a opinião pública, deram ânimo à nação e, de algum modo, continuam em grau menor de mobilização, não foram entendidas pelos poderes constituídos do estado.

Em Brasília, o poder executivo pauta suas reações “pari passo” com os índices de pesquisa de popularidade. Esses marcadores são a única coisa que os sensibiliza, pois pode significar permanecer ou não no poder.

Esta é uma aposta arriscada e pode levar a um grande susto político. Nos estados, as polícias estaduais tentam reduzir o entendimento dos movimentos populares a simples casos criminais e de ordem pública. Isso é de uma rematada estupidez. É impressionante a falta de compreensão política desses agentes do poder.

Em Recife, enquanto o governador faz o melhor que pode para dialogar bem com os movimentos sociais, as chamadas autoridades de segurança pública, armam  toda sorte de provocação e cometem tropelias  prendendo e espancando, de modo gratuito, militantes  dos grupos envolvidos nos protestos locais.

Tais ações estão jogando na lata do lixo o trabalho político de ampliação das bases de apoio social do governo. E ter tal intenção, não é demagogia. A empatia entre governante e população é fundamental para o bem governar.

Na verdade, a polícia tem sido treinada para intervir em movimentações de massas a partir de estádios em competições esportivas, em mega eventos como carnaval, grandes festas populares, etc. Todavia, massas na rua por motivação política é um outro patamar e exige uma outra compreensão.

Manifestantes se emocionam, mas, não vão para a rua apenas por emoção. Mesmo as mobilizações articuladas pelas redes sociais, têm um nexo próprio e um intuito, por mais simples que seja o objetivo.

O tratamento de ação política deve ser, político, em primeiro lugar e somente depois de esgotados os remédios políticos, torna-se viável a busca de soluções pela via repressiva policial. Os fatos denunciados, nos últimos dias, são de muito triste comparação com as ações atrabiliárias e truculentas do “DOPS” dos tempos da ditadura e isso é inaceitável.

Em um estado democrático de direito não se arranca um cidadão violentamente de casa, na base de pescoções e murros para arrasta-lo para uma delegacia de polícia sem mandado prisão, sem um inquérito estabelecido e cientificado o ministério público. Além disso, a Constituição e as leis país devem ser cumpridas pelo poder executivo sem arroubos interpretativos.  Quem tem poder e competência de interpretar a lei é o poder judiciário e para isso deve ser provocado institucionalmente.

É assim que funciona no estado democrático de direito. O devido entendimento do despertar do irredentismo das novas gerações é uma tarefa que se impõe a quem quer que pretenda exercer a atividade política. De resto, mais uma vez, minha solidariedade a todos que vão às ruas lutar para mudar o Brasil.

O Estado Brasileiro tem diante de si o desafio de entender o momento político por que passa o país. E neste sentido, ter o senso de garantir acima do desejo e interesses facciosos  a plenitude democrática para o bem de todos e bom futuro para sociedade brasileira.
Recife, 27 de agosto de 2013
Marcelo Cavalcanti
www.politicamenteatrevido.blogspot.com

 

Um comentário:

  1. NÃO ENTENDERAM AINDA: NA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA, A POLÍTICA É INSTRUMENTO DE GESTÃO E SOLUÇÃO DE DIFERENÇAS.
    Em uma sociedade democrática, a política é uma atividade nobre, preciosa . Os cidadãos , que ocupam postos de mando no estado democrático devem olhar a política como meio essencial de gestão do poder.
    Assim, perder a paciência e endurecer na ação como mandatário ou como preoposto do mandatário é, por si mesma, uma atitude.deplorável.
    O Brasil tem sua atual era democrática, remontando meados dos anos oitenta do século passado. Não há mais justificativa para a sobrevivência de entulho autoritário.
    Devemos sim, dialogar e buscar o entendimento, ouvindo com sensibilidade a voz que vem das multidões nas avenidas.

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