O ESTADO BRASILEIRO NÃO ENTENDEU AINDA
As manifestações de junho, que
se derramaram em julho, levaram milhões às ruas e acordaram a opinião pública,
deram ânimo à nação e, de algum modo, continuam em grau menor de mobilização,
não foram entendidas pelos poderes constituídos do estado.
Em Brasília, o poder executivo pauta suas reações
“pari passo” com os índices de pesquisa de popularidade. Esses marcadores são a única coisa que os
sensibiliza, pois pode significar permanecer ou não no poder.
Esta é uma aposta arriscada e
pode levar a um grande susto político. Nos estados, as polícias estaduais
tentam reduzir o entendimento dos movimentos populares a simples casos
criminais e de ordem pública. Isso é de uma rematada estupidez. É
impressionante a falta de compreensão política desses agentes do poder.
Em Recife, enquanto o
governador faz o melhor que pode para dialogar bem com os movimentos sociais, as
chamadas autoridades de segurança pública, armam toda sorte de provocação e cometem tropelias prendendo e espancando, de modo gratuito,
militantes dos grupos envolvidos nos
protestos locais.
Tais ações estão jogando na
lata do lixo o trabalho político de ampliação das bases de apoio social do
governo. E ter tal intenção, não é demagogia. A empatia entre governante e
população é fundamental para o bem governar.
Na verdade, a polícia tem sido
treinada para intervir em movimentações de massas a partir de estádios em
competições esportivas, em mega eventos como carnaval, grandes festas
populares, etc. Todavia, massas na rua por motivação política é um outro
patamar e exige uma outra compreensão.
Manifestantes se emocionam,
mas, não vão para a rua apenas por emoção. Mesmo as mobilizações articuladas
pelas redes sociais, têm um nexo próprio e um intuito, por mais simples que
seja o objetivo.
O tratamento de ação política
deve ser, político, em primeiro lugar e somente depois de esgotados os remédios
políticos, torna-se viável a busca de soluções pela via repressiva policial. Os
fatos denunciados, nos últimos dias, são de muito triste comparação com as ações
atrabiliárias e truculentas do “DOPS” dos tempos da ditadura e isso é
inaceitável.
Em um estado democrático de
direito não se arranca um cidadão violentamente de casa, na base de pescoções e
murros para arrasta-lo para uma delegacia de polícia sem mandado prisão, sem um
inquérito estabelecido e cientificado o ministério público. Além disso, a
Constituição e as leis país devem ser cumpridas pelo poder executivo sem
arroubos interpretativos. Quem tem poder
e competência de interpretar a lei é o poder judiciário e para isso deve ser
provocado institucionalmente.
É assim que funciona no estado
democrático de direito. O devido entendimento do despertar do irredentismo das novas gerações é uma tarefa que se impõe a quem quer que pretenda exercer a atividade política. De resto, mais uma vez, minha solidariedade a todos que
vão às ruas lutar para mudar o Brasil.
O Estado Brasileiro tem diante
de si o desafio de entender o momento político por que passa o país. E neste
sentido, ter o senso de garantir acima do desejo e interesses facciosos a plenitude democrática para o bem de todos e
bom futuro para sociedade brasileira.
Recife, 27 de agosto de 2013Marcelo Cavalcanti
www.politicamenteatrevido.blogspot.com
NÃO ENTENDERAM AINDA: NA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA, A POLÍTICA É INSTRUMENTO DE GESTÃO E SOLUÇÃO DE DIFERENÇAS.
ResponderExcluirEm uma sociedade democrática, a política é uma atividade nobre, preciosa . Os cidadãos , que ocupam postos de mando no estado democrático devem olhar a política como meio essencial de gestão do poder.
Assim, perder a paciência e endurecer na ação como mandatário ou como preoposto do mandatário é, por si mesma, uma atitude.deplorável.
O Brasil tem sua atual era democrática, remontando meados dos anos oitenta do século passado. Não há mais justificativa para a sobrevivência de entulho autoritário.
Devemos sim, dialogar e buscar o entendimento, ouvindo com sensibilidade a voz que vem das multidões nas avenidas.