DEMOCRACIA, UMA DISCUSSÃO EDIFICANTE

II - O Surto das oligarquias ideológicas

Na verdade, este tipo de construção política acaba por produzir um novo formato de "herói nacional" que promete um paraíso messiânico e entrega algo que parece com a imitação desbotada do mito rural nordestino de "São Saruê", porém, pervertido, apenas uma miragem de fartura "administrada" por aquele que, sendo nascido entre os desafortunados, tornou-se o "pai protetor" de todos, o detentor de uma sabedoria supostamente intrínseca aos desprovidos de escolaridade. Algo como: "eu não li e cheguei lá, portanto, podem confiar" (com essa rima de péssimo gosto mesmo). O discurso da "inocência iluminada" no sentido da raiz etimológica da expressão: a iluminação do que ignora, não conhece.

Mas, além desses estereótipos publicitários, ou atrás deles, estão os teóricos e articuladores das conspirações para assaltar o aparelho de estado por dentro. a tese mais que nunca está em voga.

A eventual vitória dessas "teses" desvirtua e degrada a democracia em sua essência e finalidade de gerar a paz, harmonia, concórdia e equilíbrio social a partir da isonomia entre os cidadãos. E aí, surge o estado da prevalência classista, onde a ideologia supostamente redentora passa a ser a regra e a medida da moral e da ética, do bem e do mal. Dá pra imaginar o que isso pode criar... se um novo tipo oligarquia "família revolucionária" se estabelece e passa de mão em mão o bastão do poder num rito de imitação de sucessão democrática.

Casa Forte, 27/10/2009

Marcelo Cavalcanti

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