segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"FESTA DA VITÓRIA RÉGIA":
TRADIÇÃO PRA VIVER E CONSERVAR
(SEM DEMAGOGIA)

Alguns anais dizem que este evento data de 1950, porém, meus pais contavam que quando nasci em setembro de 1948, ao voltar da maternidade, a praça estava em plena "festa da vitória régia".
Portanto, há, sem dúvida, controvérsia. Principalmente, se for acrescentado que minha família morava ali no número quatrocentos e oitenta e alguma coisa. Bem, com tanto convívio, não precisaria de expor motivos para provar minha afinidade com a praça e a festa.
Todavia , agora, seis décadas depois, quando a efeméride está consolidada no calendário de quase verão da cidade, surge a polêmica em torno dos brinquedos. É, dos brinquedos, desses de parque: "roda gigante", "polvo", "camicase", "carrossel", etc. Pois é, aí está. Esses engenho festeiros são pesados, tomam espaço e acabam por danificar calçadas, jardins e até o asfalto do entorno. E a praça é tombada, é um dos mais insignes projetos de Roberto Burle Marx, que não vou detalhar agora. Manter a Praça de Casa Forte custa caro e mais ainda porque seus usuários , em boa parte, agem de modo, no mínimo, displicente e emporcalha o lugar, suja os espelhos d'água, pisoteia a grama, etc.,etc.
E aí, vem a festa e detona por atacado.
Isso não é discurso conservacionista. Falar das libélulas e das aningas nomeio dos tanques e do som cornetas de pipoqueiros, de buzinas e o ronco de motores, canto de pássaros. Tudo isso pode coexistir com a festa cumprir seus objetivos de ajudar no sustento de uma creche, de uma saca de apoio a crianças pobres e desassistidas. São instituições , que coordenadas pela paróquia, fazem um trabalho eficaz, harmônico com a comunidade. Isso precisa ser garantido. É socialmente importante porque serve de fato ao coletivo, viabiliza o trabalho de muitas mães pobres que não têm onde deixar seus filhos em local com padrão de qualidade. Tem portanto, utilidade pública de verdade.
- E observem, sou isento para fazer tais afirmações, pois sendo morador e, assim sendo, testemunha, sou avesso às ideias políticas políticas do pároco. Respeito, porém, não concordo com ele, tanto que sou frequentador da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus do Espinheiro. Não afinidade de ideário político com o Monsenhor Pároco. -
Feitas estas observações , quero replicar a alegação possível de que brinquedos numa festa de parque seriam um assunto frívolo. Em primeiro lugar, a comunidade e o bairro de Casa Forte (a partir de seu próprio nome) são guardiães e convivem com relíquias de um passado digno de orgulho desta cidade e do país. As pessoas bem que podiam olhar e se referirem com mais respeito ao lugar onde morou (e onde ainda existem as ruínas do casarão de) José Mariano; podiam ter a consideração de se lembrarem que o asfalto agredido pelos brinquedinhos de parque foi calcado e recebeu o suor do suplício covarde impingido a Gregório Bezerra, que no ápice da insânia do coronel algoz, uma freira (em plena praça) intercedeu em pranto pela vítima, que era arrastada numa cena de infâmia. Portanto, falar de Casa Forte e adjacências, onde viveram nomes que ontem e hoje construíram a História deste Estado: como Ana Paes D'Altro, José Mariano e D. Olegarinha Carneiro da Cunha, Thales Ramalho, Miguel Arraes, Osvaldo Lima Filho, Cid Sampaio, etc., deve ser um ato de respeito e de reconhecimento.
Feitas todas essas considerações, quem sabe, a discussão sobre a necessidade de preservação da tradicional "Festa da Vítória Régia" possa ir além de uma simples questão contábil, de fluxo de caixa para obras sociais que são e podem ser apoiadas de formas criativas pela classe média afluente que reside na região - o que aliás, já faz, sendo voluntária no serviço aos frequentadores do evento - e evoluir, indo além dos trocados faturados por uma "roda gigante" e então, convergindo ao encontro dos interesses públicos, sociais e culturais mais largos do bairro e da cidade.
Lenine, neste instante, invoco teu brado: "Sou mameluco, sou de Casa Forte, sou de Pernambuco, sou Leão do Norte!"...
Casa Forte, 09/11/2009
Marcelo Cavalcanti
81-92482399 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

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