terça-feira, 15 de dezembro de 2009

ECOLOGIA II
- TEMOS QUE CUIDAR DE NÓS, HUMANOS

Recentemente escrevi neste blog sobre a questão. Está na moda fazer sensação, porém, o escândalo é sinônimo de não tratar com seriedade e abrir cortina de fumaça, escamoteando o problema.

Longe de mim ser malthusiano. Não tenho nenhuma vocação para ser "Cassandra Ambiental". A humanidade tem ainda muito para onde crescer, todavia, os recursos não são infinitos. Inovações tecnológicas e avanços científicos podem aumentar exponencialmente o rendimento das matérias primas, no entanto, nossos depósitos planetários, aos poucos, irão se esgotar. Para postergar este destino, temos que investir em tecnologias mais que rendáveis , que que sejam, ao máximo, auto-sustentáveis. Para tanto, há que se fazer um esforço internacional para a preservação do que sobrou de biomas "intocados": sejam florestas, cerrados, caatingas, savanas, estepes, tundras, etc. Nossas florestas são, hoje, verdadeiros hortos zoobotânicos. São apenas um pequeno percentual do que havia alguns milênios antes.

A revista "Veja", desta semana, traz como manchete de capa a frase:"estamos devorando o planeta". E estamos mesmo. Na verdade, sempre estivemos. Apenas, agora, somos quase sete bilhões, temos uma expectativa de vida que beira aos oitenta anos em muitos países, tendo como padrão um índice de qualidade, que inclui consumo cultural, conforto, tempo para atividade social, capacidade de inovação, criatividade, lazer, etc., incomparáveis a qualquer termo conhecido. Padrão esse que, observe-se, não chegou a muitas populações da África, Ásia e mesmo da América Latina.

Bem, tudo tem seu preço . E estamos pagando o ônus de nosso desenvolvimento. Nossos bisavós pagaram com juros o preço da civilização moderna através da mortalidade pela peste, a dizimação por guerras cruentas que a nada respeitavam, muito trabalho escravo e servil. Assim, acumulou-se riqueza para a eclosão da revolução industrial que matou por doenças devidas a promiscuidade como tuberculose, sifilis e outras. Entupiu os pulmões de fuligem de carvão e outros subprodutos, sufocou os brônquios de centenas de milhares com pó de amianto, intoxicou populações inteiras com mercúrio, com óxidos de chumbo expelidos pela queima de gasolina até um dia desses. Nossos pais sofreram com os efeitos degenerativos de drogas farmacêuticas como a talidomida, mergulharam em vícios sociais como o tabagismo e com isso morreram e morrem cheios de enfisemas e cânceres.

A lista de males que criamos, desenvolvemos e acentuamos é grande, porém, sem eles estaríamos na Idade da Pedra. A propósito, até mesmo sociedades neolíticas, como foi o caso dos imigrantes asiáticos que chegaram, originalmente, à América do Norte e com o degelo da passagem ártica, que ligava os dois continentes, se estabeleceram definitivamente de modo isolado e que mesmo sendo neolíticos, devastaram quase toda a caça de grande porte e promoveram alterações significativas no equilíbrio da cadeia biológica no continente norteamericano, pois, junto com a caça foi também o predador, que passou a sofrer concorrência fatal. Isso é apenas um exemplo. Faço questão de citar para que tenhamos um mínimo de consciência e não sejamos arrastados pela mídia a serviço de "ongs" nem sempre de orientação científica idônea e politicamente isentas.

Não podemos devorar o planeta num surto endêmico de apetite compulsivo. todavia, não podemos, de igual modo, passar a viver pedindo desculpas por existirmos e termos construído uma civilização.

Alguns itens, deste tema, têm se tornado verdadeiros ícones em discussões, conferências, campanhas, no entanto, eles não têm valor intrínseco. São referências, as quais se atribui valor relativo. O aquecimento global, por exemplo, é um indicador cíclico, que não pode ser avaliado com base em sensações empíricas a cerca de um verão ensolarado e calorento. Alguém tem que ter coragem de dizer: isso é propaganda sensacionalista.

A verdadeira preocupação ecológica, sem os corantes dos ideários utópicos e os disfarces das segundas intenções malévolas de algumas potências ricas e poderosas, tem a ver com reciclagem de materiais, uso preferencial de fontes renováveis de energia, conservação de mananciais, o não envenenamento do solo e das águas, a melhoria da eficiência das fontes energéticas, etc. Tudo isso, respeitando o direito ao desenvolvimento das nações e a soberania de cada uma sobre o uso e manejo do seu território.

Conferências, conclaves, congressos devem ser momentos de união e boa vontade dos estados nacionais ali representados. O planeta deve ser preservado em nome da própria humanidade, afinal, ainda não temos tecnologia suficiente novos "habitats" no universo. Agora, como tudo que se torna epidêmico, que ganha foros de fantástico, tende a ser tratado como valor absoluto. E aí, hoje como ontem, o absoluto, assim criado, se manifesta no cotidiano como dogma, como uma certeza impositiva, feita para consumo de massas.

Todavia, não sou paladino de nada. Não faço profissão de fé de arranjos ideológicos. E mais, este texto simples e despretensioso é apenas uma tentativa de alerta (quem sabe?), uma opinião atrevida: não podemos mastigar nosso "habitat", mas, não devemos, de igual modo, nos deixar ser envolvidos por teses e relatórios falaciosos e pior, por "slogans" e mitos que estão longe de defender os interesses do Brasil e da humanidade enquanto espécie civilizada.

Casa Forte, 15 /12 / 2009
Marcelo Cavalcanti
81-92482399 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

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