quinta-feira, 6 de maio de 2010

A HERANÇA É VERMELHA – III

Soberba, um pecado capital

Montado e a galope de uma popularidade aparentemente blindada, Sua Excelência desdenha e debica de multas judiciais, faz-se de surdo para o clamor de um pobre preso político cubano, festeja a implosão da pré-candidatura de Ciro Gomes e bem, a cada discurso, a repetição do gasto e pouco criativo bordão, “nunca antes neste país” prenuncia auto-elogios a seus dois mandatos.

Mas, a obra mais completa de sua presunção é a indicação de sua escolhida para pré-candidata a sua sucessão. Todavia, parece que pouco importa que a indicada não saiba História do Brasil e confunda o tempo dos mandatos de Afonso Pena e Nilo Peçanha com o de Artur Bernardes. É História Recente, só faz um século... Bem, há também o caso da frase infeliz quando afirmou que “imigrantes iam do Nordeste para o Brasil” (!?...) Com certeza um ato falho. Ela não quis dizer conscientemente. O que é pior! Seu inconsciente vê o Nordeste como algo separado do resto do país. Trata-se de uma idéia arraigada que não poupa sequer as origens de seu padrinho político, ele próprio, um imigrante quando ainda era criança.

A soberba subliminar aflorou na frase torpe e abateu a condição original da pessoa do Presidente da República. Como dizia o poeta expressionista, também nordestino, paraibano, Augusto dos Anjos: “O beijo, amigo, é a véspera do escarro,/ A mão que afaga é a mesma que apedreja.” (*)

Casa Forte, 06/05/2010
Marcelo Cavalcanti
(81) 92482399 -
cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

* - Extraído do poema “Versos Íntimos” de Augusto dos Anjos.

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