quarta-feira, 14 de julho de 2010

CAMPANHA DE VERDADE É DIÁLOGO

- A conversa, o contato real dão confiança e revelam em quem se pretende votar


Aprendi essa lição faz tempo. Hoje, o meu, então, jovem “professor” é prefeito de uma cidade grande, depois de vários mandatos de deputado federal e um de vereador de capital. No meio das conversas de campanha rolava até versos de Zé da Luz. Eu ficava abestalhado em assistir um estudante, filho de família ilustre, recitar com sotaque rural, estrofes e estrofes, fluente, fagueiro.E depois, falar da política do “plano cruzado”, de temas populares como desemprego, carestia, etc.
Na verdade, não é necessário ser grande orador para impressionar com um mínimo de sinceridade. Deixar que o contraditório se expresse, também é aconselhável. A discussão democrática esclarece e mostra competência e firmeza nos temas abordados.
Fazer, praticar tais procedimentos remonta às raízes históricas da democracia clássica. Em Atenas, o exercício da polêmica pública era um privilégio de aristocratas, de homens cultos que assim buscavam o apoio e confiança de seus pares. A democracia ateniense era restritiva e ridícula aos olhos de reinos e impérios de então, mas, durou séculos e superou os persas e macedônios que um dia foram seus algozes.
Eleitores e candidatos podem melhorar a qualidade da disputa, buscando o caminho do diálogo real, da reunião de pequeno e médio formato, algo que até a Marina está fazendo como postulante à presidência.
Agora, apoiar-se em frase de efeito e na colagem de identidade de outrem fica deselegante, alem de ser estelionato político. O povo (que não é tolo) percebe e aos poucos dá o troco. Principalmente nas campanhas majoritárias, as escolhas são cada dia mais produto de decisões pessoais, onde a subjetividade tem peso preponderante. A democracia é maior do que os engodos demagógicos do populismo e a impostura de continuísmos falaciosos.
Aldous Huxley costumava dizer que do púlpito e do palanque é muito fácil (tentador) mentir. Acertar em escolhas políticas não é uma questão de fé, de credo, porém, de exame apurado com critérios de competência, confiabilidade e caráter.
A crença messiânica de que redentores populares e seus herdeiros podem ser a salvação da pátria e dos interesses sociais dos menos assistidos não parece ser e não é uma idéia iluminada. Todavia, apõe antolhos à visão sócio-política dos cidadãos.


Casa Forte, 14/07/2010
Marcelo Cavalcanti
(81)92482399 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

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