O CORPO A CORPO, O CANDIDATO E O POVO
A Lei Eleitoral Brasileira veda a realização de “shows” como eventos de propaganda política. O regulamento é controverso, mas, tem boas intenções. Todavia, um dos resultados desta determinação é que os comícios estão em franco declínio. Já pensou, reunir dez ou vinte mil pessoas para ouvir meia dúzia de discursos enfadonhos com a impostação “falsier” a que estamos enfastiados de supórtar, vomitando promessas e nos fazendo cúmplices de atuações pífias?... Melhor não passarmos por este vexame. Afinal, pela mídia eletrônica recebemos os discursos, as propostas e até os contraditórios nos debates das redes de TV.
Portanto, a alternativa mais em voga para remediar o interdito legal é a caminhada. Esta forma de campanha, também chamada de “corpo a corpo”, tem a peculiaridade de trazer o postulante para “junto” do eleitor, no entanto, de um modo politicamente esvaziado. Tudo se resume a apertos de mão, sorrisos, pequenas frases vagas e já a assessoria que faz o séquito distanciou os circunstantes. Fica a sensação do contato físico e o vácuo de expressões do tipo: “conto com você” ... ou “vamos pra vitória”. Deste modo, candidatos que não têm carisma algum podem se escorar na presença sorridente de um “padrinho” mais popular e bem querido, que diante do carinho espontâneo de um fã, apenas arremata: “quer me apoiar, então, vote nele (ou) nela”... Isto dito com voz gutural (ainda com hálito da cachaça ostensivamente ingerida instantes antes) a uma dona de casa com o cartão do bolsa-família na carteira, é fatal.
Aí, vem a “troupe”. Sorriso colado no rosto (mesmo que a custa de hábeis cirurgias plásticas), ao lado, a presença de um “pop star” da política nacional, representando seu personagem único: a imagem do povo que nele se vê.
O circo deixa o palco, desce dos palanques e ganha às ruas. – hoje tem espetáculo? Tem sim senhor!...
Casa Forte, 13/07/2010
Marcelo Cavalcanti
(81)92482399 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com
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