sexta-feira, 19 de novembro de 2010

“ILUMINADOS”:

ARAUTOS DO “PARAÍSO” e CONSTRUTORES DE DISTOPIAS

Desde a Antiguidade que os utópicos (que passaram a se chamar assim a partir de Thomas Morus, no Século XVI) se auto-sacralizaram por seus ideais. Mesmo quando são incréus ou anticlericais, tais ativistas de ontem e de hoje buscam, com o fervor de “cruzados” e a pertinácia dos fanáticos, a inversão do equilíbrio social como resgate dos excluídos e carentes. Para tanto, acham que um ideário solidário, de teor igualitário, socializante é ferramenta capaz e eficiente para realizar esta virada, que eles supõem muito feliz. Só existe um problema, um simples óbice para que tal intento se realize e empolgue. Combinar com o desejo, com a libido social dos humanos.

Na verdade, utopias igualitárias são algo como votos de pobreza e de castidade. Vistos de fora parecem sublimes. Na real, nem a inquisição medieval, nem os pelotões de fulizamento dos sovietes, nem dos guardas vermelhos ou dos soturnos tribunais revolucionários foram ou são capazes de conter o que é inerente ao humano enquanto tal: a ambição e o desejo. Eles são motores do “animus” produtivo, são motivadores imbatíveis muito além das sublimações.

Todavia, ideários utópicos existem e têm razão de ser exatamente por questionarem a ordenação social estabelecida e assim abrirem caminhos para inovações, evolução, progresso e desenvolvimento humano.

O desastre é quando a utopia vira dogma, artigo de crença com foro de verdade absoluta e, na sequência, o poder vigente se apropria da bandeira messiânica e, então, decreta a si mesmo como construtor e executor deste “paraíso”. Aí, a distopia passa a ser uma triste realidade.

Casa Forte, 19/11/2010
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

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