segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

EGITO: IMPASSE CIVIL

UMA SOLUÇÃO “MANU MILITARI”


A insurgência egípcia começa a mostrar seus limites. Assusta abala, mas efetivamente não derruba. O Presidente Mubarak jogou a sua principal carta: a base de apoio militar. A curto prazo, o poder está salvo. No entanto, este passo político tem fôlego curto. Urgem medidas políticas rápidas e eficazes. Reformas econômicas que abram espaço e perspectiva para as novas gerações. É preciso integrar e dar horizontes aos segmentos que se acham largados à inércia de uma economia em crise e quase estagnada. Bem, tudo isto tem que ser para já. As multidões nas avenidas e praças do Cairo são uma sirene de alarme vermelho mesmo.

Quem está no poder a muito tempo tende a se acomodar, porém, este é um momento de ação, de atitude. Os radicais, os fundamentalistas estão à espreita da melhor oportunidade para se tornaram ainda mais ostensivamente ativos. A delegação a Baradei de representação para negociar com o governo é apenas um biombo para ocultar a força emergente da “Irmandade Islâmica”.

Agora, enquanto mais um país árabe se desestabiliza, o governo norte-americano tergiversa, tentando buscar um caminho no meio da crise. O Presidente Obama age como se estivesse o tempo todo fazendo discurso para uma platéia interna de ativistas deslumbrados. Esse pessoal fez a diferença na eleição dele, mas, o fato pertence ao passado. O poder não pode estacionar indefinidamente em cima de um palanque. Governar o maior império do mundo não é uma campanha eleitoral, não é uma disputa de primárias. O presidente americano queimou quase toda a gordura de popularidade em dois anos gastos em querelas congressuais, reformas improváveis, derrotas eleitorais para a câmara de representantes e o que é fundamental, ausência de ação afirmativa consistente como chefe de estado. Como confiar que tal governo será eficiente em evitar que o comando em um país estratégico do Oriente Médio, caia no colo de fundamentalistas ensandecidos?

Provavelmente a crise egípcia está à mercê da habilidade do Presidente Mubarak em sobreviver a este levante civil. Isto também não é confiável, pois sua tradição e experiência em negociar e gerir impasses conflitos não é das melhores. Todavia, por enquanto, a cartada militar deve lhe dar sobrevida política. Contudo, até as pedras sabem que militares fora dos quartéis, como pilares de força política, têm uma irresistível tendência a se tornarem ávidos e pouco controláveis. Assim, a transferência simbólica da sede de governo para um quartel general é um ato efetivo, mas, até onde...?

Casa Forte, 31/01/2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

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