segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

FELIZ INDULGÊNCIA, Exma. Sra. PRESIDENTE

Austeridade é o apelido. Na Prática, contingenciamento de verbas, redução de gastos no custeio, diminuição de investimentos, redução dos índices de crescimento, controle e retração do crédito, aumento das taxas de juros, dólar desvalorizado nos próximos meses (apesar das compras do Banco Central), inclinação do capital financeiro para os papéis mais rentáveis em detrimento do investimento produtivo, inflação controlada sob forte tensão financeira, provável redução do poder de compra dos salários, etc., etc.

É deste modo, que o governo deve gastar a gordura de popularidade e crédito político. A forte ligação entre este e o governo recém findo, além do rótulo de continuidade, reduzirá as chances de auxílio por parte do carisma pessoal do ex-presidente.

Economia com arrocho financeiro não dá popularidade a ninguém. Um dos supostos “segredos” da aprovação popular do governo recém terminado foi a ousadia em surfar na crise, apostando no mercado interno e escancarando o consumo. Todavia, isto não pode se sustentar “ad continuo”. Existe uma balança comercial a ser considerada e um parque industrial a ser preservado. A verdade é que, em parte, o crescimento e inclusão de faixas sociais no consumo é benemérito, porém, não é plenamente sustentável.

Bolhas, bem, até as crianças sabem que bolhas, mais cedo ou mais tarde, se desfazem. O que se fez no Brasil foi a execução de uma tática oportunista de incremento do mercado interno, pela ampliação do gasto público com mais investimentos, de modo maciço, aumento do custeio e da massa salarial. E aproveitando os baixos preços de importados, empurrados por dólar baixo e baixa demanda de consumo externo. Assim, somos hoje (por exemplo) o quarto mercado de automóveis do mundo, mas, o índice de nacionalização do que é produzido aqui caiu e o dos importados chega a recordes nos últimos quarenta anos.

Foi com esta pirotecnia que se construiu a doce popularidade do governo que findou. Isto ajudou, sobremodo, a fazer a sucessora. É dificílimo bater e derrotar quem enche os carrinhos de supermercado e aumenta a pecúnia dos contracheques.

Mas, isto já é passado. Agora, fica o legado para a nova (por seu desejo), assim chamada de “Presidenta”. Terá então, que aplicar as colheradas de remédio amargo para dar sustentação à economia e consertar os desacertos cometidos para que se pudesse repetir à exaustão: “nunca antes neste país”...

Pois é, na bolha em que subistes terás que administrar o poder alcançado. Feliz indulgência, Excelência.


Casa Forte, 03/01/2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 – cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário