sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

APAGÃO NO NORDESTE
O grito de um sistema sucateado


Não houve raio. Não houve tempestade. E de repente, apagou tudo. A oferta de energia elétrica é suficiente, ainda que quase no limite e não houve sobrecarga. O horário era impróprio (aproximadamente 23hs), mas, apagou tudo em sete estados do Nordeste e em todo o interior do Piauí.

A resposta é fácil. Desde 2007 que a CHESF (legendária companhia redentora da Região) remete seus lucros em percentual superior ao determinado pela lei, que é apenas 21%. Em 2008, remeteu 51% e em 2009, 100%. Pasmem! 100%. E os investimentos? – Investimentos, que investimentos?!...

Agora, segundo a própria diretoria de operações, devido a uma pane em uma cartela eletrônica na Subestação Luiz Gonzaga, no município de Jatobá, no interior de Pernambuco, o Nordeste parou.

Bem, por qual motivo uma cartela eletrônica apaga oito estados do país? De quem é a responsabilidade?

A resposta é visível. Desta vez não dá para colocar a culpa em uma fatalidade da natureza. Que tal, um argumento fantasioso sobre forças do imponderável? É roteiro de “filme B”, mas, quem sabe, funciona. Acreditaram durante oito anos nas historinhas baratas de um ex-sindicalista canastrão.

Ironias de parte, vejamos quem comanda aonde. O Presidente da Chesf chama-se Dilton da Conti de Oliveira, ex-secretário do segundo governo Arraes e muito ligado ao Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sendo uma das eminências do PSB pernambucano. Diretor Financeiro, José Ailton, petista de quatro costados, ex-candidato ao senado em 1990, casado com a segunda suplente do senador Humberto Costa (hoje, líder do PT no senado), Pompéia Pessoa. Ainda sobre o diretor José Ailton, ele foi nomeado o representante da Chesf na formação do consórcio da controversa hidroelétrica de Belo Monte. Finalmente, o Diretor de Operações Mozart Bandeira Arnaud, um engenheiro pós-graduado, de grande experiência, com decênios de Chesf, que se percebe constrangido, de mãos atadas, que se restringe a dar informações técnicas à mídia, até por lealdade. O diretor Mozart Arnaud é filiado histórico do PT e amigo do deputado Fernando Ferro (ex-sindicalista, originário da própria Chesf), que é hoje um dos cardeais do PT nacional.

Como se vê, não é difícil entender a subserviência muda da diretoria da Chesf, do sindicato da categoria (controlado pela CUT), etc, etc, diante do sucateamento acintoso da empresa.

Quando for preciso acender uma vela nos próximos apagões, agradeçamos a esta plêiade de eminências do governo e dos seus partidos de apoio, o vexame, o transtorno, os acidentes, os assaltos e saques oportunistas e talvez mais. Que o Céu nos livre!

Casa Forte, 04/02/2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário