domingo, 6 de fevereiro de 2011

EGITO V
O que vem depois da tempestade de areia


Ainda nem mesmo mudou de mãos o cetro do poder e já explodiram o gasoduto que atravessa a península do Sinai, que vai a Israel e Jordânia. O rilhar de dentes dos radicais se ouve do Mediterrâneo ao Golfo de Ádem. O bafo de fúria dos fundamentalistas sectários sopra ardente na planície do Vale do Nilo e levanta dunas no Saara. Israel tomou medidas preventivas e não depende mais do gás do Egito. Mas, são os jordanianos que mais amargam prejuízos e estão queimando combustível pesado para produzir energia elétrica.
Os insurretos não têm liderança única, ou mesmo unificada. Mohamed Baradei, Amr Musa e outros começam a competir pelo espólio do que sobrar do regime que começou em 1953 e agora ameaça se despedaçar sobre o país como um monturo oco, carcomido do que resta do governo Mubarak.
Um novo mapa geopolítico começa a se desenhar no norte da África, na extensão do Oriente Médio e no Vale do Baixo Nilo, entre o Mediterrâneo, o Mar Vermelho e as dunas desérticas da Líbia. Diante do olhar atento se configura uma grande interrogação.
Aqueles jovens irredentistas ainda não sabem o quanto vão pagar pelo desejo de acesso ao “facebook”, ao “twitter”, “youtube”, aos “ipods”, às mais charmosas novidades da parafernália pós moderna do século XXI. Eles não dão ouvidos a uma sabedoria popular comum entre árabes, judeus, cristãos: que não se deve vender o próprio sangue. Dizem que dá azar. Atrai maldições. Coisas de folclore...
Deixando de lado a intuição milenar, o que fazer com os destroços amontoados pelos cantos da Praça Tahrik? Como será o dia seguinte que se aproxima a galope de dromedário? Ah, esses jovens...(?)
Na vigésima quinta hora do governo ainda Mubarak, a Irmandade Islâmica já é quem assina o acordo civil. Quem viver, verá.

Casa Forte, 06/02/2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com

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