quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

IDIOSSINCRASIAS ESCATOLÓGICAS
Ou, de como o discurso indulgente não subsiste diante dos pecados capitais


...”como é muito mais espesso/ o sangue de um homem/ do que o sonho de um homem’...
(João Cabral de Melo Neto: “O Cão Sem Plumas”)


As celebrações dos trinta e um anos do partido mor do governo, acontecidas na semana passada, tiveram como culminância, o anúncio da mobilização da sua militância em uma campanha em prol da absolvição de alguns réus do processo do mensalão.

Em princípio, pouco ou nada tenho a ver com isto, já que jamais sequer fui simpatizante desta egrégia agremiação partidária. Todavia, como o episódio do mensalão foi parte de uma tentativa de assalto ao estado pela via da propinação por atacado de congressistas e sabe-se lá de quem mais...(?) não posso continuar plácido em meu repouso de fim de verão.

Escatológica celebração, aonde uma fogueira de vaidades crepitava alimentada em suas chamas pela soberba, ira, inveja, isto é, uma lista de pecados capitais.

Enquanto isto, em meio à festança, o ex-presidente Luiz Inácio fez um discurso vociferante, dizendo que se sentia tão governo quanto os companheiros (dele) que estão no governo.

E a Sra. Presidente chegou apenas no final para receber aplausos, cumprimentos e partir o bolo do aniversário de de seu partido nominal, sem fazer nenhum pronunciamento. Tem razão, Sra. Presidente. Às vezes o silêncio é mais eloqüente.

Agora, no dia de um embate congressual por algo que afeta de modo direto o bolso dos pobres – o salário mínimo – números de bancadas são somados e subtraídos. Em pauta, um pouco mais de comida, roupa, remédios para quem recebe o mínimo. A redução de gastos se resolve com menos custeio, menos mordomia, mais rigor nos cartões corporativos do governo, punção cirúrgica deste abscesso que virou um grande edema, a bolha purulenta dos milhares e milhares de comissionados em todos os níveis. E pasmem! O relator do projeto é o ex-sindicalista, ex-presidente da, outrora, combativa CUT, Vicentinho. Tinha muitas razões João Cabral ao afirmar que o sangue de um homem é muito mais espesso que seu sonho.

Casa Forte, 16/02/2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com











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