terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

INDULGÊNCIA BREVE


Governar buscando estar acima das mesquinharias partidárias e das pequenezas deploráveis que melindram vaidades está fermentando frustrações em senhores dos feudos políticos que compõem a chamada base governista.

A escolha de ministros para o Supremo, por exemplo, já foi usada como intento de manobra (ainda que quase sempre frustrada). E agora, assistimos a uma boa conduta presidencial na indicação elogiável do ministro Fux. Atos como este devem ser sublinhados.

Tem mais, a independência, que se espera que prevaleça, nas decisões presidenciais vem ferindo a empáfia rudimentar do seu antecessor. Até aqui, as marcações de divisão de águas têm sido pontuais. Porém, o evento de amanhã (09/02), em São Paulo, pode assinalar o afastamento das duas personalidades. Como sempre, haverá a preocupação em desmentir tal fato por ambos. Faz parte.

Contudo, o possível projeto de uma caravana pelo país, capitaneada pelo ex-presidente Luiz Inácio, acompanhado de seu ex-ministro (hoje, réu no processo do mensalão) José Dirceu, é uma atitude mais que sintomática.

A oposição sempre repetiu à exaustão, que a Presidente Dilma Rousseff tem perfil muito distinto do seu antecessor. Isto é óbvio (Graças aos Céus). O que surpreende, positivamente, é a sua capacidade de se afirmar dentro da dignidade e da liturgia do cargo, mostrando intenção de fazer o que se espera que faça (independente de concordância política).

O círculo do primeiro escalão ainda está eivado da confraria dos mui amigos que formava o grupo dos áulicos da “era-Lula”. Compreende-se a cautela em desembaraçar o governo desta herança esdrúxula. É louvável também o distanciamento sóbrio da escória de ditadores e caudilhos que até 31 de dezembro último, era tratada com estima e afagos especiais de causar vexame e náusea à sensibilidade democrática.



A continuidade neste rumo moverá a oposição para uma posição de grandeza crítica. Neste momento, mesmo com os evidentes equívocos de matiz ideológico, o principal alvo da ação oposicionista não deve ser a Presidente. O verdadeiro inimigo rilha os dentes em surdina conspirativa, urdindo um retorno que mal se disfarça.

O afastamento da criatura (com o devido respeito) das idiossincrasias viciosas e da personalidade miasmática do criador é um percurso virtuoso, que merece reconhecimento.

Casa Forte, 08/02/2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com


Post Scriptum: O ex-presidente Luiz Inácio pega carona na briga pelo valor do salário mínimo para ficar deliberadamente na frente dos holofotes. Para quem diz querer “desencarnar da presidência”, isto está virando “encosto”. – “Vade retro”...


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