SALÁRIO MÍNIMO:

Agora, vale o arbítrio da Sra. Presidente

Uma vez aprovado o Projeto de Lei do Executivo, além da limitação aos R$545,00, mudam as regras do jogo. Agora, anualmente o reajuste será ao arbítrio da Presidência da República. Ontem, o Congresso Nacional teve perda real de poder. Com a aprovação da bancada governista, o Legislativo abdicou de decidir sobre matéria salarial de suma importância. Os apoiadores curvaram-se em genuflexão perante o ícone do Planalto. Lembrei-me de abril de 1977, governo do General Geisel, aquela história do “pacote de abril”, etc, etc... Quem se lembra?...

O avanço do executivo como poder da república é notável. No governo anterior, a imposição carismática do titular era fator de ação voluntariosa. Tudo quase sempre acabava com um discurso inflamado e uma metáfora discutível.

No entanto, apesar da pregação da continuidade, os tempos se mostram outros. A votação do salário mínimo foi uma demonstração contábil excedente dos cálculos econômicos. O governo avaliou a sua bancada, o tamanho das defecções, subtraiu tudo junto com os votos da oposição e viu que dava para encarar. Fechou-se em copas, enviou os emissários e foi ao embate. Ganhou. Ganhou? – O povo e a democracia perderam... Mas, isso é outra História.

Casa Forte, 17/02/2011
Marcelo Cavalcanti
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