domingo, 24 de julho de 2011

LIÇÕES DA HISTÓRIA DE ANTEONTEM APONTAM SEVERAS PARA O BRASIL DE HOJE


Quando Adriano sucedeu Trajano, em Roma, por via obliqua, pois foi adotado pelo tio imperador já moribundo e tinha íntima cumplicidade com imperatriz Plotina, uma de suas principais preocupações foi afastar com calma, porém, com celeridade e muita firmeza, todos os postos de comando leais ao seu antecessor. Não havia herdeiros em litígio. Seu tio não teve filhos e após indica-lo na antessala da morte, como seu sucessor, foi provavelmente envenenado de modo sutil pela imperatriz. No entanto, Adriano desmontou toda a rede que ligava o comando do império ao passado recente e teceu uma nova estrutura no estado maior de Roma. Assim então, pode governar até a morte e ainda se dar ao luxo de viajar pelos extensos territórios e construir cidades com sofisticada estrutura urbana, fora da península itálica, sem que isso gerasse ciúmes ao patriciado romano. Também, estabilizou as fronteiras, fazendo acordos que reduziram a influência dos generais e os custos militares do império (um gargalo estrangulador de todo estado macro imperial), passando à História como um dos maiores estadistas da antiguidade.

Inversamente, aqueles que por inépcia ou miopia política, acomodaram-se à burocracia que lhes antecedia, seja por excesso de autoconfiança ou fastio, tiveram mandatos breves e conturbados. O poder é solitário. Todos que chegam lá sabem disso.

Agora, vamos às lições. A atual Presidente da República assumiu quase a totalidade da herança do “lulismo” e as tormentas já começaram. Q primeiro ano de governo tende a ser marcado por crises e trocas ministeriais. As relações com o Congresso, onde ela tem mais que folgada maioria, são cheias de tropeços que jantares e afagos não têm resolvido. O Congresso Brasileiro, assim como, o senado romano, quer benesses e nacos de poder que lhes garante mais e mais benefícios, mesmo os manifestamente espúrios como repasses pessoais “in pecúnia”, pois sem carisma não há como, de modo sustentável, impor um presidencialismo imperial. O regime cinge-se então, de maneira estreita, ao presidencialismo de coalizão. Neste caso, as relações entre os poderes são mais complexas e o binômio: jantares sorridentes e murros na mesa não resolve o problema do exercício pleno do poder. Com uma base excessivamente ampla e sem uma aclamação popular suficiente que dê solidez aos imperativos do cotidiano do executivo, o caminho derivado é a barganha que solapa o esteio do governante. Pior, nomear para interlocução entre os poderes, uma perdedora, tida como temperamental, que é considerada assecla do “lulismo” é um desastre anunciado. Deste modo, mesmo sem a oposição poder cvocar uma só CPI, a lona do circo começa a chamuscar.

No Brasil contemporâneo, assim como, na Roma antiga, a oposição se alimenta e se robustece a partir da dissidência do poder. O descontentamento, a insatisfação, o ressentimento, a frustração são o recheio do bolo. E o discurso é o confeitado que pode ser fatal ao governo. – Senhores mestres confeiteiros, mãos à obra! O “pós-lulismo” dá sinais de crise, apesar das declarações veementes. Podemos, portanto, estar vivendo o alvorecer das antevésperas de uma saudável renovação republicana. Lições não aprendidas costumam reprovar os aprendizes e a História é uma professora cheia de rigores e implacável com quem não faz dever de casa.

Casa Forte, 25 de julho de 2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 – cavalcantimarcelo1948@hotmail.com


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