quinta-feira, 25 de agosto de 2011

INDULGÊNCIA QUASE PLENÁRIA PARA A PRESIDENTE

(E o Céu nos livre do pior)


Exercer a militância política no Brasil de hoje é uma atividade que requer sentido crítico agudo e senso muito perceptivo das circunstâncias em que vivemos.

O ex-presidente Fernando Henrique declarou, outro dia, que é preciso apoiar a governabilidade da gestão Dilma Rousseff e a faxina ética levada avante com maturidade. Ele tem razão. A faxina política deve ser uma atitude e não um projeto de marketing. A enxurrada de fisiologismo, que corria solta no governo anterior, deve ser contida. Se a Presidente se dispõe, de alguma maneira, a assumir esta empreitada, é necessário apoiá-la. A defesa da ética é bandeira fundamental da república. O balcão de negócios das bancadas acostumadas a mensalões e outras práticas similares tem urgência em ser demolido.

Foi por este balcão que se construiu a aliança entre um aglomerado de grupos e siglas amorfas, oportunistas (porém ávidas) e uma certa súcia de messiânicos esquerdoides que ousou conspirar para “mexicanizar” a república brasileira. Alcançar o desmantelamento deste “ovo de serpente” é uma meta notável que daria uma nova dimensão política à Presidente, com conseqüências ainda não totalmente percebidas. Todavia, urge não defenestrar a criança junto com a água do banho. Ou seja, esvaziar ou comprometer a governabilidade da Presidente Dilma Rousseff seria de uma insensatez política inominável. Tal hipotético fato traria para uma proximidade perigosa e perversa a sombra de seu antecessor.

A Presidente não é blindada porque não é um mito populista e isto poderá vir a ser uma virtude de grande valor. Assim sendo, como qualquer governante de um estado democrático, precisa de um mínimo de lastro suprapartidário, de motivação cívica e não fisiológica.

Deste modo, sejamos indulgentes com a Exma. Sra. Presidente nas fragilidades pontuais de seu governo. Ser democrata é, também, ser magnânimo com os adversários. E o Céu nos livre de pesadelos recorrentes.

EM TEMPO: O recuo anunciado do governo é compreensível, ainda que acanhado. Afinal, definir um viez político com feições próprias, não significa alienar o pragmatismo. Muitas pedras ainda rolarão desta encosta. A Presidente, em uma réplica a jornalistas disse que o Brasil não é a Roma Antiga. Com certeza não é, contudo, estados de dimensões imperiais têm similitudes que devem ser vistas com atenção. Tem mais, se é simplório um governo ter como meta, a faxina ética, em contrapartida, a busca da probidade é compulsória para que se faça respeitar. A Roma Antiga nos deixou muitas lições, Excelência. Às vezes é sábio calçar as sandálias da humildade intelectual e fazer uma consulta histórica, mas, cuidado Sra. Presidente, com os professores de História protomarxistas que lhe circundam. Eles são exímios chicanistas na análise do fluxo histórico.


Casa Forte, 25 de agosto de 2011
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com
Um blog pela liberdade, pela democracia e pelas humanidades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário