CORRUPÇÃO COM FOICE E MARTELO II

Carta Aberta à Imprensa:


Prezados Senhores:

Acompanhando os fatos que se sucedem em conseqüência do imbróglio envolvendo denúncias de desvio de dinheiro público no Ministério dos Esportes, considero importante que qualquer investigação, seja policial, seja a livre procura jornalística de fatos, eventualmente pertinentes, busque evidências e depoimentos a partir de pessoas que possam, de alguma forma, abrir caminhos no campo informal e na chamada “segunda linha” interna partidária (já que a denúncia vincula o desvio à atividade da legenda), que possa iluminar a verdade factual, seja ela qual for . Um quadro partidário da dimensão do ministro Silva vai, em qualquer hipótese, assumir uma defesa aguerrida e em última instância (se for provada a procedência das denúncias) avocaria para si o peso das acusações em manchete nos meios de comunicação, para preservar outras “instâncias”.

Em segundo lugar, por se tratar de fatos que envolvem uma agremiação tão rígida e orgânica e que possui apelo ideológico fortíssimo e mobilizador, até teses de campanha anticomunista podem ser requentadas e oferecidas à opinião pública, o que colocaria os acusados na posição de vítimas políticas, atraindo a simpatia de segmentos simpatizantes e simples cidadãos incautos, pessoas ingênuas capturadas em sua boa fé.

Poucas organizações no mundo podem rivalizar em grau de segurança interna e proteção orgânica em relação à eficiência de uma estrutura secularmente testada e aperfeiçoada, que é a velha e dura estrutura organizacional de inspiração leninista. Portanto, aconselho aos jornalistas, editores e repórteres que cuidam do caso: leiam Lênin; leiam todos os documentos partidários referentes que puderem. Pode ser muito útil.

Saudações Democráticas.

EM TEMPO: O fato de o denunciante ser policial militar, infelizmente, não o deixa imune. Aliás, o Sr. João Dias Ferreira deveria, após o depoimento, requerer proteção à Justiça. As provas que, por ventura, existirem de posse do autor das denúncias, devem ser protegidas com absoluto rigor. A PF é uma instituição idônea, porém, está enxameada de militantes filiados ao PCdoB e, como já se afirmou, o ardor ideológico, as vezes, fala mais alto. Comunistas, em geral, não amam a polícia e menos ainda aos policiais. Lênin os execrava. Está no “Estado e a Revolução”. Leiam e verifiquem o que ele dizia dos “destacamentos armados alienados da população livremente mobilizada”. Pois é, Lênin os odiava e Stalin os multiplicou como meio de sustentação e avanço implacável do estado soviético. Tudo, na verdade, era uma questão de oportunidade. Bem, se o jornalista leitor, quiser um enfoque dramático literário do universo comunista, nada melhor que “As Mãos Sujas” de Sartre. Chega de sugestões. Boas leituras e investigações.

Casa Forte, 18 de outubro de 2011
Marcelo Cavalcanti
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Um blog pela liberdade e pela democracia por convicção e princípio.


O DESTEMPERO DO MINISTRO SILVA

Com o escândalo estampado na mídia, o Ministro dos Esportes, Orlando Silva resolve dar entrevista coletiva, mas, esqueceu de combinar que as perguntas seriam apenas “ganchos” para a evolução do seu discurso. Diante de indagações diretas sobre as denúncias do policial militar João Dias Ferreira, perde a estribeira e o chama de “bandido”. Em réplica, o policial Ferreira (em outra entrevista) devolve a pecha e o chama igualmente de “bandido”. Sobra para a vergonha do país, o destempero de um ministro de estado, que sob pressão de acusações a serem provadas, rasga a compostura e passa a agir com irritação, nervosismo e agressividade incompatíveis com o cargo.

Sob os holofotes ofuscantes da imprensa investigativa, manifesta-se uma ameaça de, digamos, desacerto. Aguarda-se a seqüência de bordões: “conspiração da direita contra a vanguarda da classe operária”; “provocação dos inimigos do povo”, etc.

Apesar de ter enfatizado na entrevista, repetidamente, que é um ministro de estado (ainda), seria mais adequado e menos vergonhoso para a nação portar-se com a sobriedade que deve ser inerente ao cargo. Ops!... Acabo de me lembrar que o nome do ministro Silva foi uma indicação do ex-presidente Luiz Inácio. Está explicado.

Casa Forte, 18 /10/2011
Marcelo Cavalcanti