segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

PORQUE DETONAR?...

O respeito à própria história é sinal de autoestima. Com tal comportamento, a sociedade reflete o orgulho e o sentimento de honradez perante o passado.

A Europa exibe, em boa parte de seus países, esta atitude. Avenidas e “highways” jamais são construídas em detrimento sequer de uma paisagem histórica. Ao contrário, desviam-se e alteram-se projetos para não atropelar logradouros de valor histórico ou reconhecida validade artística e arquitetônica.

Para exemplificar, a grande intervenção urbanística no cerne de Paris foi feita ainda no século dezenove, quando foi rasgada a forma atual da “Avenue dês Champs Elysée” cujo projeto data do século dezessete e até 1969 recebeu adições sem desfigurar, mas enriquecendo o local com elementos compatíveis com as dimensões do espaço.

Agora, observemos o objeto de postagem recente, quando se falou, aqui, neste blog, do templo da “Igreja Batista da Capunga” e a ameaça de que é alvo. O seu projeto arquitetônico, assim chamado de, neoclássico colonial , é oriundo de Richmond, Virgínia, USA. Todavia, há mais que isto a esclarecer. Foi de lá que veio a grande onda de missionários batistas desde a segunda metade do século dezenove. Foi de lá o projeto das grandes arcadas sobre colunas helênicas do Colégio Americano Batista, o que, aliás, forma um conjunto arquitetônico local insigne. O próprio painel, pintado por trás do tanque batismal, observa um estilo bucólico expressivo de paisagens do sul dos Estados Unidos na Época. Tais cenas são cantadas em hinos adaptados de melodias européias e canções “gospel” de composição americana. Cerca de 102 delas traduzidas ou versadas para o português pelo missionário judeu polonês, convertido ao protestantismo, Salomão Luiz Gisburg.

Como é possível se observar, uma excursão atenta ao templo da “Capunga” pode ilustrar de modo valioso a História do Movimento Batista nas Américas. Assim, vamos respeitar e preservar este testemunho em “pedra e cal”, valorizando nosso próprio roteiro civilizatório.

Proteger e defender um patrimônio, que é público (pelo que representa) e histórico, dignifica e engrandece. Detonar, apenas apequena, desonra e ofende.

Casa Forte, 23 de janeiro de 2012
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627 - cavalcantimarcelo1948@hotmail.com
www.politicamenteatrevido.blogspot.com


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