sábado, 6 de abril de 2013

O "affair" Marcos Feliciano


O “AFFAIR” MARCO FELICIANO
Declaração além de preconceituosa, zombeteira
O deputado Marco Feliciano, eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, vem sendo alvo de ruidosas manifestações  de protesto por seu histórico de posições sobre diferenças étnicas, “raciais” e de comportamento, que vão diretamente na contramão da evolução da opinião pública brasileira de cordialidade e aceitação progressiva perante temas de diversidade, inclusive, étnico-racial.
Embora as palavras homofóbicas sejam marcadamente deploráveis e dignas de veemente repúdio, a afirmação de enredos racistas levianos, com base em um tenebroso folclore religioso, baseado em supostas interpretações “bíblicas”, usadas de modo torpe para justificar a escravidão e o tráfico de escravos africanos nos séculos XVI a XIX, é a parte mais grave do leque de despautérios verbais do deputado, que também atua como “pastor” de uma igreja neoprotestante, também chamada de “catedral do avivamento”.

O parlamentar, ao resistir à pressão de grupos descontentes e indignados, está aprofundando sua posição de intolerância e mesmo de truculência política.
 
Para o presidente de uma comissão temática que trata de direitos humanos, o “thriller” de atitudes do deputado Feliciano é dos piores. Todavia, ele foi parar ali porque seu partido, o PSC, faz parte da chamada “base aliada” e precisava ser contemplado com vagas proporcionais  ao seu tamanho de bancada  a qualquer custo, e ainda, há o cuidado das governistas em não desagradar a denominada “bancada evangélica”. Tudo isto está sendo usado como meio de protelamento de uma posição ativa do coletivo de seus pares, para que se ponha fim a esta situação vexatória para o parlamento brasileiro e à própria imagem internacional do país.

O mais lamentável neste imbróglio é que gera tensões socioculturais em áreas de comportamento, o que é maléfico à fraternidade social e à convivência democrática entre os diferentes.

Por questões chamadas, impropriamente, de “raça” e também, de comportamento sexual ou opção de gênero, cidadãos brasileiros estão sendo induzidos a atitudes discricionárias odiosas por um membro do poder legislativo federal. E o pior, a grande maioria das forças políticas partidárias pouco ou quase nada têm feito para condenar e agir de modo politicamente efetivo contra esta situação vergonhosa, evitando quebrar uma inércia cúmplice mascarada por uma retórica estéril, com temor de se indispor e vir a desagradar o volumoso, pesado e sombrio bloco ultraconservador e ideologicamente corporativo, que também, é eufemisticamente chamado de “bancada evangélica”.

Na verdade, esta super exposição aos holofotes deste arauto de um misto de criptoignorância ventríloqua de uma “teologia” espúria, criada por europeus escravistas e um conservadorismo intolerante é um desastroso desserviço ao progresso dos direitos humanos e de uma cultura de democracia plural.

Este senhor, este excelentíssimo senhor, ao “bater o pé” e dizer que não sai, não renuncia ao cargo que ocupa, apesar dos protestos, contribui para a proliferação de atitudes de ódio e preconceito entre os cidadãos. Tudo isto fere a sociedade brasileira em seus melhores valores e em seus fundamentos de diversidade e de fraternidade multicultural.
Recife, 06 de abril de 2013
Marcelo Cavalcanti
(81)93195627
www.politicamenteatrevido.blogspot.com

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