O
“AFFAIR” MARCO FELICIANO
Embora
as palavras homofóbicas sejam marcadamente deploráveis e dignas de veemente
repúdio, a afirmação de enredos racistas levianos, com base em um tenebroso
folclore religioso, baseado em supostas interpretações “bíblicas”, usadas de
modo torpe para justificar a escravidão e o tráfico de escravos africanos nos
séculos XVI a XIX, é a parte mais grave do leque de despautérios verbais do deputado,
que também atua como “pastor” de uma igreja neoprotestante, também chamada de “catedral
do avivamento”.
O
parlamentar, ao resistir à pressão de grupos descontentes e indignados, está
aprofundando sua posição de intolerância e mesmo de truculência política.
Para o
presidente de uma comissão temática que trata de direitos humanos, o “thriller”
de atitudes do deputado Feliciano é dos piores. Todavia, ele foi parar ali
porque seu partido, o PSC, faz parte da chamada “base aliada” e precisava ser
contemplado com vagas proporcionais ao
seu tamanho de bancada a qualquer custo,
e ainda, há o cuidado das governistas em não desagradar a denominada “bancada
evangélica”. Tudo isto está sendo usado como meio de protelamento de uma
posição ativa do coletivo de seus pares, para que se ponha fim a esta situação
vexatória para o parlamento brasileiro e à própria imagem internacional do
país.
O mais
lamentável neste imbróglio é que gera tensões socioculturais em áreas de
comportamento, o que é maléfico à fraternidade social e à convivência
democrática entre os diferentes.
Por
questões chamadas, impropriamente, de “raça” e também, de comportamento sexual
ou opção de gênero, cidadãos brasileiros estão sendo induzidos a atitudes
discricionárias odiosas por um membro do poder legislativo federal. E o pior, a
grande maioria das forças políticas partidárias pouco ou quase nada têm feito
para condenar e agir de modo politicamente efetivo contra esta situação
vergonhosa, evitando quebrar uma inércia cúmplice mascarada por uma retórica
estéril, com temor de se indispor e vir a desagradar o volumoso, pesado e
sombrio bloco ultraconservador e ideologicamente corporativo, que também, é
eufemisticamente chamado de “bancada evangélica”.
Na
verdade, esta super exposição aos holofotes deste arauto de um misto de
criptoignorância ventríloqua de uma “teologia” espúria, criada por europeus
escravistas e um conservadorismo intolerante é um desastroso desserviço ao
progresso dos direitos humanos e de uma cultura de democracia plural.
Este
senhor, este excelentíssimo senhor, ao “bater o pé” e dizer que não sai, não
renuncia ao cargo que ocupa, apesar dos protestos, contribui para a proliferação
de atitudes de ódio e preconceito entre os cidadãos. Tudo isto fere a sociedade
brasileira em seus melhores valores e em seus fundamentos de diversidade e de
fraternidade multicultural.
Recife,
06 de abril de 2013Marcelo Cavalcanti
(81)93195627
www.politicamenteatrevido.blogspot.com
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