terça-feira, 18 de junho de 2013

DEMOCRACIA É CONVIVÊNCIA DO CONTRADITÓRIO


DEMOCRACIA É CONVIVÊNCIA DO CONTRADITÓRIO
Jovens experimentando o gosto das ruas no Recife
 

Alguém já dizia há mais de um século, que a roda da História, as vezes, avança um século em poucos dias. No momento assistimos a um tsunami de eventos irredentistas. Xingamentos , vaias e mobilizações com direito a manifestações em rede nacional e articulações virtuais.

O Brasil não será o mesmo em 2014. Supõe-se também, que após esta onda rebelde, a sociedade tomará rumos de ampliação democrática, melhorando a inclusão política dos diversos segmentos da população.

O movimento, nitidamente, de massas tende a aumentar de volume e evoluir com mais bandeiras. Todavia, os reflexos são, ainda, indistintos.

É nesta indistinção que moram as dúvidas e apreensões. O regime democrático e republicano pode ficar vulnerável como consequência de um  descontentamento generalizado. A conjuntura de arrepio político está arando um campo fértil, onde podem germinar sementes de maior participação, ou, de radicalização sectária com consequências imprevisíveis.

Assim, segue-se a postagem de dois textos que ficaram mornos diante da avalanche de ocorrências, por mais candentes que fossem os fatos comentados.

CRÍTICA DEMOCRÁTICA NÃO É TERRORISMO

Pois é, um dos princípios basilares da democracia moderna é a saudável convivência, minimamente, fraterna entre díspares.
O amálgama social de partes heterogêneas, a interação entre correntes de opinião, a manifestação livre de ideias e de visões sobre fatos, e em particular, sobre procedimentos do poder estabelecido são sinais de alto nível de realização democrática. O contrário revela deterioração da pluralidade política, o que equivale a sintomas de tentação totalitária.
Chamar opiniões discordantes de “terroristas”, do púlpito do poder, é uma atitude prepotente, que mostra traços políticos deletérios. Na verdade, o que vem sendo denunciado é que a economia está em crise, que a inflação voltou e ao lado dela está a alta cambial rebelde; o nível de investimento baixíssimo; o PIB quase estagnado e os índices  de confiança na economia em queda livre. E mais, mercado interno com sinais de saturação; ausência de competividade e inapetência na expansão do mercado externo, agravado pelo fastio recente da China na compra de comodities e a estiolação de um Mercosul degradado por desentendimentos produzidos por uma anti-política de comércio exterior.
 Bem, se estes fatos são ruins para a popularidade dos governantes, paciência, que governem melhor. No caso dos atuais ocupantes do Planalto, já tiveram bastante tempo e chance de mostrarem competência. Agora, os resultados ameaçam atropelar e exaurir os dividendos de dez anos de populismo demagógico que começa a fazer água e p´~oe em risco sonhos continuístas.
Isto chama a atenção para uma segunda observação. Ao ser apontado em sua inépcia econômica, o governo mostra nítido desconforto e tem reações de intolerância perante seus críticos, mas, discursos ofensivos, de dedo em riste, não mudam de forma mágica a realidade.
A inflação voltou, sim, e não vão ser medidas sacadas do poeirento baú populista, que vão deter esta vilã do bolso do assalariado e do pobre em geral.
Assim, reafirma-se que a democracia é a convivência respeitosa com o contraditório.
Usar a tribuna do poder para impor a opinião oficial, insultando os discordantes como “terroristas”, isto sim, é um caminho de perdição.
A imposição do discurso por quem detém o poder, como expressão única da verdade, revela um caráter autoritário e, isto sim, merece a execração pelos amantes da democracia e da liberdade.

Recife, 15 de junho de 2013

VAIAS NO ESTÁDIO,
A Classe média dizendo NÃO



Foi sábado à tarde, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, instantes antes do jogo do Brasil, mas, o público, ali, era eminentemente de classe média e, em grande parte, da nova classe média, emergentes bem sucedidos que, agora, veem suas conquistas ameaçadas pela inflação e redução do crescimento econômico.
Quem surfou nas ondas da mobilidade social e chegou em um patamar que lhe permite pagar ingressos da “Copa”, ou mesmo, já vive em estratos sociais forrados de abastança há muito tempo, não quer se ver jogado de ladeira abaixo, perdendo poder de consumo.
A classe média não deixa barato, pois não é estacionária, quer sua ascensão  garantida. Além disso, esses torcedores são bem informados e não vivem ancorados em programas de transferência de renda.
Muitos dos que gritaram vaias, talvez a maioria, foram eleitores daquela que, agora, é objeto de reprovação. Sem perspectiva de prosperidade, não há escapatória. O governo petista seduziu a opinião pública com a promessa mítica de progresso e mobilidade social. Agora, a conta está sendo cobrada, inclusive, aos gritos nas ruas.
Fica aí, pelo menos, uma lição de humildade para quem, numa atitude intemperante, chama seus críticos de “terroristas”.

Recife, 18 de junho de 2013

Marcelo Cavalcanti
(81)93195627
www.politicamenteatrevido.blogspot.com

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