sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

RÉQUIEM PARA REGINALDO ROSSI


REQUIEM PARA REGINALDO ROSSI
De “crooner” do “Silver Jets” à consagração nacional



O ano era 1965, domingo, pouco depois das duas da tarde, Rua Capitão Lima (que o povo chama, simplesmente, Rua do Lima), na calçada, para uma “Rural Willys” (daquelas de duas cores), da tampa traseira do carro, começam a sair equipamentos de som. Era pessoal do conjunto “Silver Jets”, que tinha como “crooner”, o jovem Reginaldo Rossi. Magro, esbelto, distribuindo atenções com as meninas. Ali, começava uma carreira, que sempre foi multifacetada; umbilicalmente ligada à alma e as emoções populares. Mesmo assim, fazendo o gosto de amplas camadas população, não se deixou limitar e pouco tempo depois com “A Raposa as Uvas” faz uma visita à história de Esopo, que é recontada no Século XIX por Jean de La Fontaine, mais que isso, destaca ícones do consumo da classe média da época, como o popular perfume “Lancaster”, o super-clássico “Chanel nº5” e a épica “lambreta”, que chegou a ser tema recorrente de filmes como “Rome Adventure” (no Brasil, com o nome de Candelabro Italiano).
Minha experiência com o sucesso de Rossi inclui a audição nos idos de 1972 e 1973 de seu “Mon amour, meu bem, ma femme”, onde a melodia chegava até meus ouvidos pelas ondas da Rádio Iracema, programa “discoteca do fã”, anunciado pelo radialista Djalmir Monteiro. Eram tempos de clandestinidade e saudades do Recife. Reginaldo Rossi sublinhava meu banzo, que suspirava num subúrbio de Fortaleza, os fundos de um depósito de fabriqueta de calçados, pegando carona no rádio dos vizinhos, tudo entremeado pelo “slogam”: “macarrão Fortaleza é pureza em sua mesa”.
A presença de Reginaldo Rossi na minha memória passa pela campanha eleitoral de Jarbas Vasconcelos a prefeito do Recife em 1985, onde o cantor se tornava um “showman” e se superava a cada comício, sendo inesquecível, o dos Coelhos, quando narrou fatos e emoções de sua infância para em seguida pedir votos para o, hoje, senador Jarbas.
Cantei diversas vezes, de plena voz e até em pensamento, algumas de suas canções, para falar e me inspirar no curso das melhores emoções.
Hoje, sou compelido a escrever esse necrológio. Ele era um legítimo ícone de nossa música mais popular. Com franqueza e autenticidade singulares, Reginaldo Rodrigues dos Santos Rossi, sai da vida, do cotidiano boêmio, no qual ele se incluía, assumidamente, e entra para a História da Cultura Pernambucana e Brasileira.
Recife, 20 de dezembro de 2013
Marcelo Cavalcanti

(81)97046806

Nenhum comentário:

Postar um comentário